Desculpem se ando monotemática. É puro encantamento. Nunca vi cores tão fortes e um vento tão morno. Talvez o sirocco quando morei em Sorrento. É verão e viemos de Londres passar férias na Grécia.
Em Kardamena pedi ao moço da loja que me apontasse onde fica o templo de Apollo. Ele me disse que ninguém ia lá, que eu ia perder tempo, que tava mal cuidado e que só quem gostava de História achava o lugar interessante. Cheguei ao local. Algumas cabras magras me olharam com espanto. Continuei com a minha filha segurando a mão suada de um calor indescritível. Uma casa muito simples e sai de lá um senhor. Pergunto se fala inglês. Uma moça vem correndo e diz que se eu vim visitar o templo, perdi tempo porque está fechado. "Fechado hoje que é domingo?" "Não, fechado sempre, pra sempre." Ali bem na minha frente, cercadas por arame farpado, as ruínas do templo de Apollo que dão pra garagem de uma família, espécie de guardiã de má notícia : fechado sempre, pra sempre.
Em Pserimos, uma ilha onde moram 10 famílias, cenas de uma simplicidade que deve ser dura na rotina. Mulheres vendem mel, homens vendem esponjas, cabras passeiam com seus olhos arregalados na aridez dos montes.
Portas azuis, mulheres lindas que parecem ter amêndoas no lugar dos olhos. Pensei num dos meus filmes preferidos de todos os tempos : Mediterraneo.
Vou voltar, não tenho dúvida até porque não consigui aprender a dizer "obrigada". Só "bom dia". "Kalimera" me soa como boas vindas sempre, pra sempre.
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