Sonaira D'Ávila

21 de jan de 20195 min

Paraísos possíveis no Rio de Janeiro

Atualizado: 5 de out de 2019

Este é um dos tópicos que a gente domina no Do Rio pra cá- Paraísos possíveis. A cada ano eu parto descobrindo lugares em que o luxo é o contato com a natureza com a menor interferência possível do ser humano como este aqui . Dá trabalho para se chegar neles, mas geralmente valem muito a pena. Normalmente tentamos viajar, eu e marido, fora de feriados e em baixa temporada, pois tudo no mundo é mais caro e com muito lotado nestas épocas. Quando voltamos da Alemanha para o Brasil, eu e marido tentamos, sempre tirar uns dias em algum lugar , antes da alta temporada e do Verão chegar. Este ano escolhemos o Pouso da Cajaíba, na Costa Verde perto de Paraty no Rio de Janeiro, que já estava na nossa lista desde que fomos a Praia do Sono em 2017, outro paraíso protegido ali do lado.

Imagine um lugar quase intocado pelo homem. De um lado uma praia de areia grossa, mar em todos os tons de verde, com água morna e transparente. Do outro a mata atlântica reinando. Os caminhos são de terra e todos andam descalços. As crianças brincam em suas canoas, mergulham e correm pela praia. As casas se escondem sob as as árvores. Os nativos vivem da pesca e na alta temporada alugam suas casas para os turistas que chegam diariamente nos barcos que partem de Paraty.

Isso é Pouso da Cajaíba, uma pequena vila Caiçara encravada na Área de proteção Ambiental de Cairuçu , uma comunidade de 200 famílias e só é acessível de barco a partir de Paraty ou Paraty-Mirim ou pela mata numa trilha para especialistas e que dura dias. Não existe nenhuma pousada de mais de 1 estrela e as demais estadias ou são em camping ou em casa de pescadores. São muito básicas. Para quem se dispõe a realizar aventuras e passar o dia de biquini na praia, 2 ou 3 dias são suficiente para descansar numa rede ouvindo o barulho do mar. Difícil conseguir contato com as casas, mas consegui falar com a Olga por aqui, que organizou a nossa hospedagem e nosso barco.

Saímos do Rio de Janeiro de ônibus e seguimos até Paraty e de lá marcamos ir pegar o barco e seguir para Pouso. Estávamos tão animados em chegar que nos esquecemos de pensar no básico: a maré. Sim, quem tem o mar com estrada tem que se ligar na maré. Pois fizemos uma viagem com a maré enchendo e alguma emoção num barquinho que foi batendo muito os 40 minutos de viagem. Um pequeno stress e com alguma água no corpo, documentos e mochilas. Os valores de transporte de lanchinha são bem altos, reserve R$ 400,00 para um casal ida e volta. Sempre é possível "chorar" a volta. Leve dinheiro, pois nem sempre o cartão funciona e as refeições bem simples custam em média R$30,00 por pessoa num prato feito.

Foto by Olga Maria Seabra

Ficamos hospedados na casa da Sara por 3 dias, uma das mais antigas , esta casa colonial branca e azul com uma rede na porta fica de frente para a praia, ao lado da Igreja de São Sebastião. É bem simples, com banheiro coletivo fora, mas muito limpa e os donos bem simpáticos.

A Sara tem um pequeno restaurante nos fundos, o “Cantinho da Sara”, que ela atende com prazer. A comida é boa, sem luxos. E a Sara faz questão de agradar e atender os pedidos extras.

O meu marido devorou um livro estirado na rede estes dias, enquanto eu matei a saudade dos banhos de mar.

Uma pena o descaso com o lixo e os inúmeros cachorros abandonados que vivem na praia dividindo a areia com os urubus. A luz elétrica chegou a 8 meses, o que tirou o charme rústico mas facilitou a vida de quem mora por lá. Inclusive muitos moradosres já fizeram “ gatos" na luz, com é fácil de observar. O outro ponto desfavorável é a poluição do rio que nasce na mata. E diria até um crime. A própria comunidade joga esgoto e lixo no rio e na praia.

Vista do Pouso da Cajaíba do alto da trilha


 
Mas conseguimos relaxar e fazer outros passeios perto dali. O mais fácil é o da Toca do Carro que se chega por uma trilha tranquila. São uns 20 minutos para se ter acesso a pequena praia com uma pedra que é banhada com água de uma nascente, uma delícia.

É uma ótima opção para os que preferem praias mais preservadas, como eu. Tem um belo visual e mar tranquilo e cercada por uma mata nativa intocada.

No nosso terceiro dia fomos até a Praia Grande da Cajaíba e esta sim eu digo, é ESPETACULAR. O acesso para a praia pode ser feito por uma trilha que sai da Praia do Pouso da Cajaíba, passa por diversas praias e dura aproximadamente 2 horas de caminhada no sol quente, com muitas subidas e descidas. Como choveu muito nas noites anteriores, não encaramos a caminhada. Optamos ir de barco, a partir do Pouso da Cajaíba, que durou uns 15 minutos.

O Lugar é paradisíaco! Águas tranqüilas e com barraquinhas para alguma refeição, o pf custa R$30,00! Leve dinheiro e atenção que os preços que são salgados.

O pastel é bem gostoso, farto e com preço possível- 10 reais.

Do canto esquerdo da praia se tem acesso a trilha bem sinalizada que leva aos campings e a cachoeira da Praia Grande.

Mais uns 15 minutos e se chega num poço com uma bela queda d'água. Ficamos por ali mesmo, mas é possível caminhar por dentro do rio mais uns 15 minutos e se chega a um paredão com uma queda de 15 metros, de difícil banho. É o que dizem, mas como estava escorregando, resolvemos não arriscar. Quem sabe encaramos numa próxima.

Foi um banho gelado, doce e delicioso no meio da mata atlântica.

Voltamos para a praia e caminhamos até a boca do rio e fechamos com um banho quente, salgado, num mar esmeralda.

Foi nosso presente de Natal!!!

O nosso barqueiro retornou na hora marcada e voltamos para Pouso felizes com o dia.

Foto by Olga Maria Seabra

Aproveitamos e fomos comer no Quiosque Porto das Flores da Ana Paula e do Rogério para experimentarmos o bobó de fcamarão com fruta pão, prato típico do lugar. Bem bom.

Resumidamente, a comunidade tem um tesouro como você podem ver ai em cima. Mas nos decepcionamos um pouco. Falta um espírito de comunidade que valorize este pedaço tão especial da Costa Verde.O mar é um Caribe e a água estava deliciosa. Um dos paraísos possíveis e bem perto de casa no Rio de Janeiro. Um lembrete, como antes do Natal quase nada estava aberto, levamos nosso estoque de repelente e mesmo assim fomos devorados por borrachudos. Vá prevenido. E tente ir e voltar com o mar espelhado, sem ondas. Vai ser mais agradável.

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A gente vai gostar.

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