Sonaira D'Ávila

3 de jun de 20204 min

Suécia e Alemanha: histórias da pandemia e de vida

Eu, Soraia, moro a 40 minutos de Estocolmo. (Foto: Acervo Pessoal)

UMA BRASILEIRA NA SUÉCIA

Meu nome é Soraia D'Ávila. Sou irmã da Sonaira. Deixei o Brasil há 19 anos. Primeiro, me mudei para Lisboa, onde morei durante 12 anos. Hoje, vivo há 7 anos na Suécia, em Stockholm (Estocolmo).

Sou jornalista de formação, mas, aqui, trabalho em uma loja no principal e mais tradicional shopping da cidade. Vivo num bairro bem tranquilo, no meio da natureza, que fica a 40 minutos do Centro. Todos os dias tenho que ir de ônibus e de metrô até o trabalho.

A Suécia optou por não fazer lockdown. Aqui, a recomendação da Agência Nacional de Saúde Pública é que as pessoas com mais de 70 anos e as que estão no grupo de risco fiquem em casa de quarentena. Outra recomendação é ficar em casa se tiver qualquer um dos sintomas, como: tosse, espirro, coriza ou febre.

Os restaurantes ao ar livre abertos em Estocolmo ( Foto: Soraia d' Ávila)

A Suécia é um país socialista e liberal e leva muito a sério a questão dos direitos do cidadão. E, por isso, o governo faz recomendações e não proibições. O país está apostando na responsabilidade individual, ou seja, cabe a cada cidadão ser responsável por manter a distância de 2 metros (håll avstånd), evitar tocar no rosto, tossir no braço e lavar as mãos com sabão por 20 segundos.

Todos os lugares públicos estão sinalizados com "Håll avstånd". Qualquer pessoa tem o direito de solicitar a outra que mantenha os dois metros de distância. Cinquenta é o número máximo de pessoas permitidas num mesmo espaço público. Todos os shows, teatros e festas populares estão suspensos. Os restaurantes criaram mais distância entre as mesas.

As escolas de ensino secundário e as universidades fecharam. Os alunos estudam à distância. O jardim de infância e primário continuam funcionando. E, quem pode, trabalha em casa (home office).

Os ônibus estão circulando com bem menos pessoas em Estocolmo (Foto: Soraia d'Ávila)

Nos ônibus, nenhum passageiro pode se aproximar dos motoristas. E, como não há possibilidade de cobrança da tarifa, agora, o passe é gratuito. Poucas pessoas usam máscara. O governo acredita que a máscara cria uma falsa segurança, pois nem todas são eficazes e as pessoas acabam colocando a mão no rosto. Aqui, a população confia e acredita no governo. E, segue as orientações dadas por ele.

As ruas continuam com o seu ritmo: com muitas bicicletas (Foto: Acervo Pessoal)

A imunidade de rebanho, também, é considerada, embora não seja a estratégia das autoridades de saúde. A estratégia é reduzir a disseminação do vírus através das recomendações e assim, evitar sobrecarregar o sistema de saúde. O importante é manter o distanciamento social voluntário, mas "de certa forma" estar exposto ao vírus. Com o tempo mais pessoas poderão criar anticorpos e ficar imunes ao vírus.

As viagens para fora do país estão recomendadas a partir de 15 de julho. Alguns países que já estão abrindo as fronteiras não vão permitir a entrada dos suecos por enquanto, já que, aqui, não foi adotado o lockdown.”

Estradinha de terra bem pertinho da minha casa na Alemanha na fronteira com a Áustria, Bayerisch Gmain ( Foto: Sonais d' Ávila)

UMA BRASILEIRA NA FRONTEIRA DA ALEMANHA COM A ÁUSTRIA

Sou Sonaira d’Ávila. E, como já falei por aqui, nasci em POA, Porto Alegre. A família se mudou para o Rio quando eu tinha 6 anos. Lá, em casa somos 3 “meninas". A gente era conhecida pelas irmãs “So” por causa dos nossos nomes.

Nossos pais eram bem criativos: queriam uma família real. Pois bem, Sonaira era o nome de uma rainha. E, eles escolheram me chamar assim. Sonali, o nome da minha outra irmã, era em homenagem a indiana Sonali dasGupta que casou com o diretor de cinema italiano Roberto Rosselini. E, Soraia, a irmã que vive na Suécia, era o nome de uma princesa da Pérsia.

Eu, Soraia, e minha irmã Soraia em Munique. (Foto: Acervo Pessoal)

Desde pequenas, a gente fazia nossas encenações e sonhávamos com outros mundos. O tempo passou. Fomos pro mundo, cada uma a seu tempo e circunstâncias. Hoje, eu me divido entre o Brasil e Alemanha como já falei disso por aqui várias vezes.

A Soraia vive atualmente em Estocolmo, como ela já disse acima. Mundos tão distantes do nosso aqui, do Brasil. As línguas então, dão um nó na cabeça da gente. Eu estou no Rio em compasso de espera, nem sei quando volto para minha fronteira entre mundos, na divisa entre a Alemanha e Áustria. Tantas reviravoltas, que ainda não foi possível partir.

Aqui, pelo Rio, a Guiga Soares e a Ana Villaça de Lisboa já comentaram com andam as coisas em uma parte da Europa, mais precisamente em Portugal. E, cada dia elas ficam mais “animadas”.

A Alemanha está em fase de desconfinamento. Os Biergartens (bares externos para beber cerveja) já estão abertos com as novas regras, mas muita coisa ainda não voltou a funcionar. O país está fechado ainda e deve abrir dia 15 depois do feriado de Pentecostes como falei por aqui. Vamos ver se a Áustria vai concordar.

De resto, máscaras, luvas e medidas de distanciamento social e de higiene em lugares como metrô, ônibus, trens, aviões, trams, são o “novo normal” em qualquer lugar do mundo. O que me passa na cabeça é que sei que vou encontrar um país mais “frio”, menos pessoal , coisa que sempre estranhei por lá. O “calor” das pessoas no Brasil me faz falta. Gosto de gente!

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