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  • Foto do escritorSonaira D'Ávila

Bem perto do céu!

Atualizado: 28 de dez. de 2019


Os dias intensos da Índia, e seus paradoxos, ainda repercutiam no nosso corpo.

Estávamos cansados.

Sim, a jornada de comemorações foi bem vinda e memorável.

Estávamos ali, na índia, em Jaipur, numa celebração de trabalho com amigos e conhecidos.

Feito impressionante e devo agradecer pela oportunidade e o convite para participar.

Foram 5 dias do “melhor” e mais exclusivo na terra dos Marajás. Gratidão sempre!

Um programa de sonho, com direito a grupos grandes e City tours.

Mas, pra quem gosta de descobrir o mundo num ritmo próprio e no máximo a dois, estes dias foram bem puxados.

Sobrevivemos.

Forte AMER, Jaipur!

Porém, o descompasso das festas com banquetes em Palácios deslumbrantes, versos mundo gritando lá fora, me minava as forças e constrangia os sentidos. Olhos inçados, algo fora do lugar. Tanta opulência em meio a uma miséria descomunal com tamanha dignidade.


Pequenos templos no MEIO da rua.

As preces ali, ignorando o caos do trânsito que desviava das pessoas anestesiadas na sua fé.

Me sentia perturbada.

Talvez pela falta de sentido que isso tudo fazia.

Estive na Índia à 8 anos

e o desconforto ainda é o mesmo,

Claro que foi inesquecível, delicioso e provavelmente jamais viverei isso de novo.

Mas do que é que estou falando? Sonho e Realidade. E entre os dois, um abismo.

Como pode haver 330 milhões de Deuses e tantos ruídos?

Seria esta a ideia? Acordar o corpo e o espírito e não dar trégua?

De certo, só a impossibilidade de ficar indiferente. É pra gente ir lá e ver como é.

Não me lembro bem como foi que embarcamos em Nova Délhi para o Nepal, mas sei que ainda estávamos tontos quando desembarcamos no aeroporto Katmandu (que mais parece com a rodoviária de Niterói).

Após esta chegada tumultuada, com inúmeros turistas e atendimento bem precário, ficamos a deriva esperando nosso transfer para o hotel. Depois de um “número” na porta do aeroporto, e nós gritando pelo nome do hotel, finalmente e atrasados, fomos resgatados.

Uma nuvem densa cor de terra cobria toda a cidade, tudo era coberto de pó. Nunca vi isso antes. Muito pó. Pessoas e pessoas com máscara caminhando lado a lado num trânsito tão ou mais caótico que em Jaipur.

Em Katmandu as ruas são pequenas e muitas estreitas. Muitas estão em obra, a os postes de eletricidade fazem qualquer comunidade do Rio ter inveja de TANTOS fios, cabos e emaranhados que existem.

Depois de deixar as malas no hotel pegamos um ciclo-riquixá para visitar a Durbar Square e ficamos presos, num mega engarrafamento na rua de mão dupla, estreita, esburacada e claro com toneladas de pó.

Chegamos finalmente em Durbar Square, ou o que sobrou dela.

Uma tristeza sem fim de ver este conjunto de monumentos tombados pela Unesco, agora em semi destruição, escorados ou abandonados. Pouco foi feito depois do terremoto de Abril de 2015. Rapidamente ficou escuro com uma iluminação bem precária.

Muito deprimente, vai levar muito tempo para conseguirem recuperar, pelo andar das coisas lá.

Desistimos de continuar e voltamos para comprar uma máscara para nós também.

O que mais me chamou a atenção, foi do sorriso do filho do nosso ciclo "riquixista" (ou algo assim) que nos seguiu a pé e nos olhava encantado.

Desanimados, voltamos para o hotel, jantamos e dormimos.

Definitivamente, Katmandu ficará para outro momento.

Acordamos cedo e enfrentamos o ar de terra e toda a confusão do aeroporto de Katmandu, que é um desastre.

Ou seja, você TEM que fazer o check-in pelo menos 3 horas antes do voo. Chegamos às 6 horas.

Partimos esperançosos, buscado descobrir se existe a “tal” felicidade lá no Reino do Butão.

Pedimos um assento junto à janela do lado esquerdo.

Bem, pegamos um voo curto numa pequena aeronave da Bhutan Airlines em Katmandu, Nepal até Paro, Butão- única cidade no país que tem aeroporto.

Nossa nova etapa da viajem começou com uma sintonia especial: o voo estava bem vazio e metade dos passageiros eram monges budistas tailandeses que viajaram entoando mantras bem baixinho.

Podemos ouvir o comandante avisando que estamos atravessando os Himalaias e descrevendo cada uma das montanhas e suas altitudes até chegar a mais alta do mundo, o Monte Everest ou Chomolungma com seus 8.848m de altura.

Neste momento começa um alvoroço no avião. Todos procurando as janelas do lado esquerdo do avião.

Reze para ter um dia lindo, um voo vazio e a companhia de monges.

Assim poderá trocar de lugar se achar que deve, fazer amizade com os monges e ainda ser abençoado toda viagem.

A visão do alto é estonteante e todos os passageiros se agitam buscando a melhor posição para as fotos.

Quando o avião começa a descer, ele entra em um vale rodeado de montanhas, campos de arroz e pequenas vilas com casinhas de arquitetura impar, numa descida cautelosa e bem sinuosa.

É possível se ter uma visão espetacular de todo o vale (Paro fica 2.250 metros acima do nível do mar)

Após desembarcar e tirar fotos com os monges, (claro), fomos pegar as malas no pequeno aeroporto, e fomos direto para o controle, muito leve e simpático em contraste com o estresse do Nepal ou a burocracia da Índia.

Um rapaz e uma moça vestidos com seus trajes típicos nos atenderam com muita leveza e bom humor.

Ali recebemos a primeira da informação sobre o país:

- Vocês verão muitos cachorros por todo o Butão. Eles andam em bando e livres pelas ruas.

A viagem já era outra, tudo muito simples, fluindo sem esforço e de forma tão especial.

Na saída do aeroporto, em Paro, os guias turísticos contratados pelas agências esperam pelos turistas. Todos vestido com o traje tradicional oficial, chamado GHO( um manto pesado preso com um cinto, dobrado na altura do joelho, de um jeito que forma uma bolsa na frente do estômago + meias na altura da canela e sapatos).

E lá estava o nosso, nos recebendo com um sorriso e uma saudação.

- “Kuzuzampô-la”!

Sim, a felicidade mora no topo do mundo.

Bem ali, a esquerda de quem vai e a direita de quem vem.

Na contra mão da mão inglesa.

Paro, Butão -imagem Sonam Y Tobgay

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