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As Horas do relógio!

Atualizado: 11 de out. de 2019


Todo mês de setembro eu me pego numa reflexão que beira profundezas sobre o quanto de tempo que eu já vivo aqui. Foi em setembro, mas este setembro foi corrido. Então, um micro texto atrasado pra quem sempre quer ir e sempre quer voltar. (Seja de que lado for!)

Já era quase amanhã, quando o relógio entortou e era a hora. Acreditou e fez todo mundo acreditar que o caso era por conta do Shakespeare. Não que mentisse, mas floreava.

O caso era mais sério que os Sonetos com os quais se envolveu tão apaixonadamente na Faculdade.

Chegava a ser honra. Pra contar a verdade, nunca achou que tivesse outra saída. Nem o maior amor do mundo poderia fazer escapar dos seus sonhos o mundo inteiro lá fora. Eu me lembro de dormir bem naquelas treze horas.

Dormia com a irresponsabilidade de quem finalmente escapa e deixa pais aflitos pra trás.

O que poderia dar errado? Tinha um endereço na mão. Tinha tanta coragem que chegava a ser tola. Com a mala verde, presente da tia, juntei doces de leite e a vaga ideia das linhas do metrô. Na noite funda, depois de quase vinte quatro horas desde a saída da rua Coronel Ladeira, avistei um tanto de luz. Brilhava a cidade, mas quem cintilava mesmo era eu. Um reencontro com o que nunca tinha visto antes, tamanho meu sonho.

Ali, bem onde pensei, encontrei Londres, com seu rio, seu relógio, seu chuvisco, seus apertos de mão.

Hoje eu percorri aquelas vinte e quatro horas doídas da porta de saída até a porta de entrada. Parece até que a gente consegue contar o tempo, afinal o Big Ben me diz que em setembro faz, imaginem, dezesseis anos num reino pra mim, até hoje encantado.

Aquela senhora com um brilho nos olhos, tirando fotos das horas do relógio há anos, sou eu!

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