No Brasil se comemora dia 12 de outubro o Dia das Crianças. Você ainda ri?
Entre muitos dos meus amigos de Facebook do Brasil, aquela brincadeirinha de trocar a foto de perfil para uma imagem de quando era criança. Eu sempre participo, mas dessa vez, postei uma foto numa postagem comum e fiquei lá olhando a minha foto de perfil recente, de uma mulher adulta e a menina de quatro anos flagrada numa coreografia que repetia todo domingo quando tocava a música de abertura do Fantástico.
Não é possível que aquela menina de olhos em sonho seja eu. Enquanto olhava com estranheza aquela imagem velha, de mais de quarenta anos, senti uma linha comprida se estender feito elástico que eu, com as pontas dos dedos, pego. Semana que vem eu faço aniversário e do alto dos quarenta e cinco anos, sinto-me como se tivesse vinte e cinco. Parece que o tempo, apesar de ter passado no rosto, no corpo, ficou congelado num otimismo ridículo que eu carrego.
Tenho uma fé enorme. Não em santos, Deus, nada muito místico. Mas vivo num estado de esperança e otimismo que, quando pulo fora de mim, fico impressionada. Tanta dificuldade e ainda rio e acho que tudo vai ficar bem e, principalmente, que tudo está bem!
Olhando a minha foto aos quatro anos, rio para aquela garota que não sabia quem se tornaria. Não estava interessada em futuro. Só queria saber de música, dança, sonho.
Estranho eu me dar conta que desde então, nunca estive sozinha. Carrego aquela criança nos meus braços e ela nunca está longe demais que não possa ser alcançada. Olho para ela e às vezes percebo que olho o espelho. É ela que se fez em mim e não o contrário. Enquanto aquela menina não sabia do futuro, fico feliz em saber que eu também não tinha ideia desse passado.
Cuidar de quem a gente foi não é mais possível porque o futuro chegou. Mas reconhecer que o riso é antigo, de décadas é um privilégio.
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