top of page
  • Foto do escritorDo Rio pra cá

Guiana Francesa: Uma aventura a três


Tudo começou na manhã do dia 12 de junho de 2015, em Ipanema durante uma folga do trabalho. Estávamos hospedados no Rio Othon Palace Hotel com a nossa filhinha. Resolvemos curtir uma praia como todo bom carioca gosta de fazer em dias de sol. De repente um susto: meu marido recebe um telefonema; a trabalho, ele seria enviado à Guiana Francesa. Deveria estar lá até o dia 30 de junho de 2015! Sim, menos de 20 dias para providenciar uma mudança de no mínimo dois anos fora do Brasil.

Não sabíamos o que fazer, confesso que foi um misto de felicidade, euforia e pânico a princípio. As inevitáveis perguntas sobre o trabalho, a família, a mudança...

Com tempo curto para resolver tudo sobre diversos assuntos, meu marido foi primeiro para Caiena. Nos primeiros sete meses ele esteve só, para providenciar tudo para nossa chegada e esse momento de separação foi bem difícil, mas agora felizmente, superado.

A Guiana Francesa é um pedacinho da França dentro da América do Sul. É chamado de Departamento ultramarino e ocupa uma superfície de 84 mil km², limitada ao norte pelo Oceano Atlântico, a sul pelo Brasil e a Oeste pelo Suriname. Sua capital é Caiena, lugar onde moramos atualmente. Sua população está em torno de 300 mil habitantes e o clima é muito quente e úmido. Os dias começam com uma temperatura média de 29 graus. Em determinados meses como de novembro a janeiro chove torrencialmente e a temperatura continua muito quente. Uma curiosidade da localidade é que mesmo com grande volume de água devido às chuvas, é difícil ver alguma região alagada justamente por ser uma área de selva amazônica e sendo assim, a água é rapidamente absorvida pelo solo.

Há duas maneiras de se chegar na Guiana Francesa. Uma delas é de barco atravessando a fronteira pelo Oiapoque (lado brasileiro) e São Jorge (lado francês), ou de avião pela companhia aérea Azul ou Suriname Airways saindo de Belém do Pará com preços de passagens há R$ 900,00. Optei em vir de Azul com minha "petite" e confesso, foi uma peregrinação pois não há voos diretos do Rio de Janeiro. Tivemos que pegar um avião com escala em Guarulhos, depois Marabá e Belém, onde pernoitamos e no dia seguinte pegamos o avião de Belém pra Guiana. Este último trecho da viagem não é longo, são duas horas apenas.

A experiência em viajar sozinha com uma criança pequena não foi muito agradável. Ela tinha 1 ano e 9 meses, as dificuldades foram inúmeras e tensas em determinados momentos. Felizmente tudo deu certo e sete meses após nossa despedida no aeroporto Santos Dumont, nossa família se reuniu novamente no dia 03 de fevereiro de 2016.

Chegamos em Caiena às vésperas do carnaval e fomos ver os Tou lou lous fantasiados nas ruas. Cheguei a escrever sobre eles aqui nessa época. É um costume engraçado, porque os Tou lou lous são mulheres mascaradas e fantasiadas e tem também os To lo los que são os homens mascarados e fantasiados, mas eles não desfilam juntos, há dias distintos para pular o carnaval na Guiana Francesa.

Os primeiros meses foram difíceis demais, longe de casa, sem minhas amigas, sem falar o francês e sem conhecer absolutamente ninguém que não fosse meu marido. Dia após dia as coisas foram se acertando, comecei a fazer amizades que me levaram às aulas de zumba e isso foi uma maravilha pois sair de casa para dançar me fez muito bem.

Mais aclimatados, começamos a expandir nossa aventura. No início de setembro fomos visitar as Ilha de Salut, um conjunto de três ilhas: Ilha do Diabo, Ilha Royale e Ilha Saint Joseph. Nos hospedamos na ilha Royale, onde funcionou o presídio de segurança máxima da França. Essa ilha foi palco para o filme Papillon, contracenado pelos atores Dustin Hoffman e Steve McQueen no ano de 1973. Visitamos as ruinas do presídio e depois que voltamos para casa fiz questão de rever o filme para relembrar a história. Apesar do imenso calor que passamos (não havia nem ar condicionado e nem ventiladores na casa), o final de semana foi agradável com muito contato com a natureza e belas paisagens.

No primeiro final de semana de outubro fomos visitar o Oiapoque, uma das fronteiras com a Guiana Francesa. Saímos de Caiena umas 15h30 do dia 30 de setembro, pegamos uma estrada longa até a Cidade de São Jorge. Foram 3horas de carro e ao chegarmos lá pegamos um barco motorizado que mais parece uma jangada com motor (risos) mais conhecida como pirrogue. Foi uma aventura em se tratando de uma viajem com uma criança de 2 anos (risos) mas felizmente deu tudo certo e nossa pequena adorou o passeio. São 15 minutos de travessia pelo Rio Oiapoque até o lado brasileiro e com um preço super em conta, R$15,00 ou 5€ por pessoa.

Chegamos ao anoitecer e preferimos pegar um táxi até a pousada Chácara do Paraíso que é administrado por uma brasileira que foi criada na Guiana Francesa e depois foi concluir seus estudos na França, mas o amor pelo Oiapoque falou mais alto e ela resolveu abrir essa pousada. Comida deliciosa, serviço 24h, boas acomodações e todos os chalés com climatização. No dia seguinte fomos conhecer a cidade e andamos por umas 2 horas debaixo de um sol escaldante. Éramos 20 pessoas no total e foi uma grande farra. Voltamos rapidamente para pousada para nos arrumarmos para o passeio ao Rancho PK9.

Sim o nome é bem estranho, mas é assim mesmo que se escreve, coisas de Oiapoque.

A Lilma, administradora da pousada agitou tudo, contratou um ônibus que nos levou até lá para passarmos o dia.

O lugar lindo e com muitas atividades para crianças, desde quadras de futebol e vôlei até tirolesa, além de um rio calmo e água limpa para nos refrescarmos. Almoçamos no restaurante do Francisco, dono de todo o complexo. Escolhemos rodízio de churrasco e nos fartamos. No final a conta para cada família custou R$170,00 ou 60€.

Chegamos ao anoitecer na Chácara e de tão exaustos fomos tomar um banho e descansar até a hora do jantar.

Todos são extremamente incríveis, são como uma grande família. No dia seguinte, na parte da tarde, fomos embora e mais uma vez a Lilma se encarregou de tudo, nos levou até o local da partida da pirrogue. Ao chegarmos do outro lado da fronteira (São Jorge), pegamos nosso carro e resolvemos visitar a ponte que liga os dois países.

Essa ponte está construída há 6 anos e até agora, infelizmente, não foi aberta. O lado francês está completamente pronto, com pessoas trabalhando e instalações confortáveis de trabalho. Já o lado brasileiro... esse nem dá para falar. Falta ainda muita coisa!

As previsões de abertura da ponte são para esse ano, em dezembro de 2016.

Pousada Chácara do Paraíso -Rua Azarias Neto | Planalto, Oiapoque, Amapá 68980-000, Brasil

Rancho PK9 https://www.facebook.com/Rancho-K9-245607335471213/?ref=page_internal

89 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page