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  • Foto do escritorSonaira D'Ávila

"Kuzuzampô-la”, Butão o reino da felicidade existe!

Atualizado: 11 de out. de 2019


Foto: Sonaira D'Ávla

Os dias mais impactantes das nossas vidas são aqueles em que, acima de todos os planejamentos, somos surpreendidos com muitos pequenos presentes.

O Butão está no meu topo dos países mais mágicos e curiosos do mundo. Literalmente no topo. Algumas informações são essenciais para embarcar nesta viagem. O pequeno reino isolado conhecido como Druk Yul (Terra do Dragão do trovão, na língua local Dzonga) é, talvez, a última Shangrilá no topo mais alto do mundo. É uma monarquia constitucional, um país de vida simples, incrustado nas dobras dos Himalaias na Ásia que permaneceu isolado até “ontem” e que possui uma população de pouco mais de 750 mil pessoas (faz fronteira com a Índia , ao sul, e China ao norte).

É famoso por sua Felicidade interna bruta onde a busca pela harmonia é lei. Um símbolo da confluência do passado e do presente.

Foto: Sonaira D'Ávla

A beleza das paisagens naturais das montanhas, rios e florestas adornadas por construções tradicionais, templos (lhakhangs), fortes (dzongs) monastérios (goenpas) e pontes, formam O cenário perfeito, onde religião, política e cultura são quase inseparáveis.

Ao longo, o caminho é tomado por estas presenças, esses oásis, esses pedaços inesperados de paz. Ao sentir o vento que percorre as florestas, você não vai estranhar se ver o Dragão Branco, que foi avistado por um dos fundadores do Reino.

Foto: Sonaira D'Ávila

Com o objetivo de preservar o seu patrimônio cultural e independência, o Butão manteve por muito tempo uma política de isolacionismo cultural e econômica rigorosa. Esta “tarefa” foi facilitada, grande parte, em função do difícil acesso.

Somente nas últimas décadas do século 20, os turistas foram autorizados de forma limitada, a visitar o país. Um paraíso isolado com 70% do seu território totalmente preservado, é uma sociedade centrada na prática do Budismo tibetano. Isto é sentido pelo cheiro dos incensos que são visíveis por toda parte.

Foto: Sonaira D'Ávila

Por sua cor sagrada: Vermelho. Pelas Bandeiras de Oração que vibram em encostas, oferecendo orações que emitem uma mensagem sutil quando o vento sopra, espalhando saúde, paz, equilíbrio e vitalidade, para todos os seres do planeta.

Foto: Sonaira D'Ávila

Assim é também com as Rodas de Oração, que estão por todo caminho. São cilindros com o Mantra da compaixão- OM MANI PADME HUM - escritos diversas vezes em papel, colocado no interior e esculpidos no exterior que ao serem girados propagam zilhões de preces por minuto que são elevadas aos céus.

Foto: Sonaira D'Ávila

Todos somos estimulados girá-las quando as encontramos, para que nossas preces se multipliquem e se elevem. 108 é o número sagrado do Butão. E ele está presente em muitos lugares.

Existe uma aura especial no ar. Bandeiras brancas agrupadas penduradas em mastros no meio da paisagem verde. Este é o sinal de que alguém morreu. A comunidade ajuda a família na construção deste “sitio sagrado”- explica nosso guia

Após a passagem (não existe morte no budismo, e sim uma passagem para outro estágio), o corpo é cremado e as cinzas são misturadas a água e ao barro, e este material é usado para fazer as pequenas esculturas chamadas “tsa-tsa” que são distribuídas por lugares sagrados ou remotos como cavernas, stupas ou templos.

Foto: Sonaira D'Ávila

Tsa-tsa são formas iconográficas de diversos Budas, uma arte de objetos sagrados budista tibetanos que se desenvolveu durante séculos nos Himalaias. Não existe nenhum cemitério como conhecemos no ocidente, as pessoas quando partem, são integradas a paisagem nos sítios sagrados. São muitas bandeiras brancas pelo caminho. Indescritível.

Foto: Sonaira D'Ávila

O Butão esta saindo de uma monarquia budista absoluta para uma monarquia constitucional. A sua língua oficial é o Dzongka e o inglês é a sua segunda língua. Os cidadãos butaneses são obrigados a seguir e respeitar durante o horário comercial, o Driglam Namzha, código oficial de conduta do Reino do Butão. O código governa como os cidadãos devem se vestir em público e como eles devem se comportar em ambientes formais. Ele também regula uma série de bens culturais, como arte e arquitetura. As construções no Butão devem respeitar as regras de estruturas feitas de madeiras recortadas com desenhos tradicionais pintados a mão nas suas fachadas. Driglam significa "ordem, disciplina, costume, regras, regime" e namzha significa "sistema", podemos dizer então: "regras de comportamento disciplinado."

Foto: Sonaira D'Ávila

As vestimentas tradicionais são peças únicas que foram evoluindo ao longo de milhares de anos. Os homens usam o gho, uma túnica na altura do joelho que parece um quimono que é amarrada na cintura por um cinto tradicional conhecida como Kera.

As mulheres usam blusas coloridas e amarram um pano retangular grande( tipo uma canga) chamado de Kira, criando assim uma saia até os tornozelos.

Os butanenses ainda usam um tipo lenço longo quando visitam templos ou centros administrativos. O Kabney é usado pelos homens e o Rachus pelas mulheres. Todas as roupas são feitas à mão e tecidas fio a fio. As kiras são realmente únicas, nenhuma é igual a outra.

A recente Constituição do país, de Julho de 2008, é baseada em princípios budistas de felicidade geral da nação. O 4º rei do Butão (que é idolatrado pelo povo) desenvolveu um conceito único no planeta, que o colocou na Constituição do Butão - A Felicidade Interna Bruta (NGH) que é medida em todo o país.

Os nove diferentes domínios são medidos por 33 indicadores : Bem Estar Psicológico, Saúde, Uso do Tempo, Educação, Diversidade Cultural, Boa Governança, Vitalidade da Comunidade, Diversidade Ecológica e Resiliência, Padrões de vida.

Não é possível fazer viagens independentes ao Butão. O turismo é controlado e as viagens só são liberadas mediante contratação de pacotes com uma agência autorizada de viagem local.

Foto: Dechen Phodrang Monastery

Os pacotes custam US$250,00 por dia e por pessoa (duzentos e cinquenta dólares americanos) no mínimo e incluem, mesmo que você viaje sozinho, alimentação, água, chá, café, hotel 3 estrelas, tickets de todos os passeios, guia e transporte. Você só paga extra as bebidas fora desta lista.

Todo o processo de documentos e reservas é feito via agência de viagem local que lhe envia algumas perguntas antes para saber qual a sua área de interesse. (por exemplo: arquitetura, espiritualidade, cultura, fotografia, etc) e a agência foca seu roteiro em cima dos pontos clássico turísticos mas com destaque nos pontos dos seus interesses. Após o pagamento prévio, o visto é liberado. E seu guia particular é selecionado para lhe propor um tour personalizado, no nosso caso em inglês e o guia dando ênfase na cultura, Budismo e arquitetura.

Tudo é organizado com antecedência e sem pressa. E já os primeiros contatos por e-mail com a agência de turismo que escolhemos, foram prazerosos e muito amáveis. É assim que funciona para todos os turistas. Fechamos 5 dias e foi bem apertado. Merece mais.

A vigem é bem flexível independente dos roteiros serem pré fechados. Não existem pessoas mais independentes e contra grupos e City tour que nós dois. Mas tenho que admitir que após esta experiência, nossa visão sobre isso, mudou consideravelmente. Se antes, eu e meu marido, fugíamos de qualquer situação que nos obrigasse a enfrentar um roteiro fixo e guiado, no Butão não tivemos alternativa.

Para a nossa grata surpresa, todos os nossos pré conceitos foram, desde a chegada, dissipados. Nossos anfitriões Soman e ChoKi da agência de turismo Norbu Buthan Travel, foram mais do que nosso guia e motorista, nos acompanharam pelos 5 dias mais surpreendentes das nossas viagens que já fizemos pelo mundo estes anos todos. Eles sempre procuraram nos mostrar, com muito orgulho, o melhor da sua cultura, atendendo o nosso ritmo e curiosidade, mesmo não cumprindo com todo roteiro que começa às 8h e vai até 17h.

Foram de uma delicadeza impar, atentos em nos agradar e com um prazer comovente de nos contar histórias e mais histórias deste admirável mundo novo, pra nós.

A melhor época para se visitar o país é no começo do Outono ou da Primavera (de Setembro a Dezembro e de Março a Maio). Dizem que os festivais de máscaras e dança e das comemorações pelo Dia Nacional (17 de dezembro) são imperdíveis. Fomos em meados de Outubro.

Bem, perdemos!

Para chegar a Paro de qualquer parte do mundo, é preciso fazer conexão em Bancoc (Tailândia), Dhaka (Bangladesh), Kathmandu (Nepal), Nova Déli, Calcutá ou Gaya (Índia). Viemos por Kathmandu, falei disso no post anterior. Aquela perturbação que a Índia e o Nepal nos causaram, foi de cara, no voo com os monges tailandeses sobre os Himalaias, sendo dissipado.

A nossa aventura começou na saída do aeroporto de Paro seguindo até Thimphu, a capital do Butão, após desembarcar do pequeno avião da Bhuthan Airlines.

Mas como dizia Einstein -Coincidência é a maneira que Deus encontrou para permanecer no anonimato, então...

Foto: Sonaira D'Ávila

... mal tínhamos começado a viagem, após as primeiras curvas vale a dentro, cercado pelo rio de águas turquesa, estávamos ainda na “introdução”, com nossos olhares debruçados sobre os campos de arroz que seriam colhidos em 2 dias, quando avistamos uma fila de crianças de uniforme vermelho que nos sorriam com curiosidade na beira da estrada ladeada por bandeiras.

Nossos anfitriões param o carro e disseram: -Vocês estão com sorte o “Chief Abbot” vai passar e abençoar as pessoas. Vocês tem muita sorte a sua santidade( o “papa” do budismos) Je khenpo está vindo- Repetiu Soman, nosso guia. Saímos do carro e paramos na beira da estrada em frente ao grupo da escola. Rapidamente perguntei: -Podemos nos juntar a eles? -Seria uma honra, ele respondeu sorrindo. Soman, nosso guia, se apressou e foi falar com os professores enquanto nós fomos nos “chegando”.

Foto: Sonaira D'Ávila

Quase que automaticamente as meninas que sorriam curiosas abanando, agora começavam a me perguntar em inglês perfeito e sempre começando por Madam: -Quantos anos eu tenho, se tenho filhos, se tenho carro, se gosto do traje nacional deles, wse sou feliz, se gosto do país deles, se posso tirar fotos com eles, etc. Ufa, terminei de responder a vários ao mesmo tempo.

– Madam , a senhora é tão bonita. E eu que estava morta da gincana Índia, Nepal com umas olheiras dignas de panda, já tava feliz de estar ali com elas, as crianças.

– A senhora que conhecer a nossa escola?- me perguntou uma das meninas que tinha uns10 anos. Juro, quase chorei, e com o coração partido, olhei pro meu guia que tinha já de chegada “quebrado” nosso roteiro de meses de preparação.

– Na volta veremos, ele respondeu amável.

A fila de pessoas aumentava e alguns corriam para queimar folhas se cipreste- uma espécie de incenso natural para saldar e dar boas vindas a sua santidade. A fumaça incomodava a todos, mas juro, que me senti presenteada.

Foto: Sonaira D'Ávila

A saudação era pra nós. Não tinha nenhum outro turista ali além de nós dois. Logo chegou a polícia e o carro oficial da sua santidade, nos curvamos e ele nos "abençoou" junto com as crianças. Meu marido conseguiu rapidamente olhá-lo nos olhos, ele disse que havia muita " bondade" no olhar. Eu estava apenas usufruindo deste encontro.

Foto: Sonaira D'Ávlia

A emoção de estar ali, naquele instante é impar. Sim, nos sentíamos felizes de uma forma além do que poderíamos imaginar. Sim, este é o país da felicidade. E eles devem se orgulhar disso!

Os "must go" da viagem

Uma das maiores estátuas de Buda do mundo feita de bronze e dourada em ouro com a altura de 51,5 metros. O Dordenma Buda está localizado no topo de uma colina em Kuenselphodrang Nature Park e está sentando em cima de uma enorme sala de meditação com as paredes repletas de estátuas menores. São milhares de Budas mais de 125.000. Quando fui ainda não estava completo. A estátua cumpre uma profecia antiga que remonta ao século 8 A.D e é dito dali que emanam um aural e de paz e felicidade para o mundo inteiro.

Foto: Sonaira D'Ávila

Punakha Dzong Punakha, Punakha, Bhutan

("o palácio da grande felicidade") construído no século XVII, entre 1637 e 1638, é uma antiga fortaleza monástica e o centro administrativo do distrito de Punakha, no Butão. Impossível não se encantar e se esquecer das horas. Vá com tempo e coração aberto. Uma viagem para mudar a vida, com certeza. A riqueza da cultura, da arquitetura é de uma magia deslumbrante. Para todos os sentidos.

Foto: Sonaira D'Ávila

Ascendendo ao Ninho do Tigre sagrado no Butão-Taktsang Palphug Monastery, Thimphu, Paro. Uma mistura de prazer e desafio enfrentar a subida a pé de aproximadamente 3 horas íngremes para Taktsang e descida de mais 2 horas e meia. O mosteiro fica "abraçando" a um penhasco rochoso a mais de 3.000 metros acima do vale de Paro no Butão. Da base de caminhada até o cume são mais de 900 metros, o percurso é fácil se for feito lentamente. No caminho existem muitas oportunidades para admirar a vista e para pegar fôlego. No meio do caminho tem um café que serve almoço na volta do passeio, Para aqueles de nós que vivem ao nível do mar pode ser difícil de respirar confortavelmente enquanto se exercita vigorosamente a esta altura. Por isso se recomenda fazer esta peregrinação no final da viajem ao Butão quando estaremos mais aclimatados a altitude.

Deus é assim, ele se mostra quando você menos espera.

Nos hospedamos aqui nas 4 noites:

Linda construção made in Buthan. Considerando um hotel de classe turística este lugar é elegante, com um impressionante átrio de cinco andares de madeira entalhada. Os quartos são confortáveis e com murais budistas. O hotel foi restaurado mantendo um equilíbrio delicado e fino entre a arquitetura butanesa tradicional e comodidades práticas modernas e está localizado num local privilegiado para explorar as principais ruas, bares, restaurantes, artesanato e os cantos coloridos de Thimphu. Tem uma ótima estrutura com lojinha,Piscina coberta, sauna, academia, salão de festas, bar. O café da manhã é bem simples. O banheiro do quarto precisa de atenção aos ralos, todos entupidos e a banheira não veda para poder ser utilizada. Sou curiosa e não descobri mais sobre a história da arquitetura do prédio. Poderia ter esta informação disponível nos quartos. Ficamos no quarto dos fundo e foi bem tranquilo.

Agradável jardim-O hotel foi o mais simples de toda a nossa viagem. O quarto é amplo com varanda, mas o banheiro tem problema de unidade e cheira a mofo. O wifi funciona apenas na recepção e tem problemas de conexão. O restaurante e café da manhã são bem medianos apesar da simpatia das moças.

Um hotel butique adorável! A grande surpresa desta viajem. Se pudesse ficaria mais! Hotel excepcional com a melhor cama imensa e deliciosa, comida e banheiro que desfrutamos no Butão. São poucos apartamentos e com uma decoração de extremo bom gosto, com peças antigas numa casa de fazenda renovada. A única e séria recomendação é quanto a falta de iluminação no portão da entrada da estrada do campo de arroz que chega no hotel. Como chegamos a noite e o caminho tem de ser recorrido a pé, meu marido bateu seriamente com a testa na entrada do portão de ferro. Apesar do susto e muito sangue, fomos muito bem atendidos pelo estafe do hotel. No escuro é bem difícil de ver. Precisa urgente de uma iluminação na entrada. De resto, as minhas melhores recomendações. Ficamos no quarto de frente com vista para as plantações de arroz.

Prédio histórico com vista para o vale! O Hotel foi residência do governador de Paro, um edifício em estilo de palácio do século 19. Os quartos são simples e confortáveis, mas todos têm banheiro privado. Muitos têm uma vista maravilhosa sobre o vale e o Dzong assim como o restaurante e bar. Nosso quarto e banheiro era pequeno e a cama poderia ser melhor. Mas é um charme que conserva o mobiliário e arquitetura da época. A comida é muito boa e o restaurante bem amplo. Tivemos pouco tempo para desfrutar dele, chegamos tarde e saímos cedo. Tem um lindo jardim com vista para os campos de arroz.

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