Cidade de Luxemburgo, pequena e linda
- Guiga Soares
- há 2 dias
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Foram duas horas e quinze minutos de viagem por uma das Autobahns. As badaladas rodovias da Alemanha são conhecidas pelo asfalto impecável, a sinalização idem e a velocidade sem limite. Você pode não acreditar. Pelo nosso velho carro ano 2000, passaram, a mais de 200 km por hora, Ferraris, Lamborghinis, Audis, Mercedes, Porsches. É de dar medo.
Tudo isso para dizer que saíamos de Mannheim, no sudoeste alemão, e decidimos ir até a cidade de Luxemburgo, capital do país de mesmo nome. Não sei se sou a única. Acho incrível passar a fronteira entre dois países como se a gente apenas atravessasse uma avenida. Talvez seja porque vivo no Brasil. Nesse mesmo espaço de tempo, eu mal chegaria a Búzios saindo do Rio de Janeiro.

O país é considerado um dos menores da Europa: a área total é de cerca de 2600 km². A população gira em torno de 650 mil habitantes e a capital, cidade de Luxemburgo, tem cerca de 133 mil, pequena, charmosa e celebrada pela antiga região medieval fortificada. Por outro lado, é uma nação das mais ricas se considerarmos o PIB, Produto Interno Bruto, per capita das economias globais.

O visual é de cenário. Não é à toa que é Patrimônio da Humanidade. No centro, estão as “Casemates du Bock”, uma fortaleza encravada em íngremes penhascos naturais que remontam sua fundação em 963 pelo Conde Sigifredo das Ardenas. Entre as falésias rochosas, há passagens subterrâneas, túneis, muitas escadas, esconderijos. Um labirinto natural que protegeu a cidade por muitos séculos. Hoje, é uma atração turística.
O transporte público é gratuito, tanto os trams, veículos leves sobre trilhos, como os coloridos ônibus com motores elétricos. Ruas limpas, gente pra lá e pra cá – afinal, fomos em um sábado ainda no verão, mas de vento frio –, variadas opções para comer de ascendência francesa e alemã e muito comércio, inclusive uma elegante e moderna filial da Galeries Lafayette de Paris (foto abaixo).

Além de toda a beleza dos prédios antigos, inclusive aqueles que abrigam sedes de bancos e ministérios do governo, dois detalhes fizeram muito a diferença nessa rápida visita.

Estacionamos o carro em um dos muitos parqueamentos pagos. Achamos vaga em um quarto andar subterrâneo. Ainda tínhamos a opção de mais um andar abaixo. Todos construídos em uma escavação de antigos muros de pedra. Ao sair do elevador de frente a um parque, o som era de música clássica. Até achamos que poderia haver um concerto ao ar livre. Nada disso. Vinha de uma prosaica carrocinha que vendia cafés, pães e flores montada sobre uma bicicleta (foto ao alto). Naquele silêncio da chegada, tocou fundo no meu coração. Me senti bem-recebida.
Em Luxemburgo, a atmosfera dos dias de verão se movimenta mais rápido do que aqui em Mannheim. Parece que o outono está antecipando a sua chegada. Dentro do parque, a umidade das árvores, do gramado e de um pequeno riacho era mais que evidente sobre os nossos corpos. Vestimos nossos casacos. A música não saía dos meus ouvidos mesmo já longe da tal carrocinha charmosa.

Do estacionamento, resolvemos atravessar a ponte Adolphe sobre o rio Petrússe (foto ao alto). O andar de baixo é para ciclistas e do cima para o trânsito urbano. Na parte superior, também há uma calçada. Caminhamos por ela em direção à estação de trem para apreciar de cima parte das “Casemates du Bock” ao longe e o contorno urbano.

Como urge me acometer em viagens, precisei procurar um banheiro. Deixei minha família para trás e parti em busca de um. Algumas esquinas depois, achei o que buscava e mais ainda. Não necessariamente um banheiro limpo. A questão foi que ele pertencia a uma incrível pâtisserie. Não sei se era a fome ou o que enxerguei nas vitrines. Se chama “Hoffmann Pâtisserie” (foto ao alto), nome alemão com iguarias francesas, como a espetacular éclair acrescida do hit do momento, o pistache de Dubai (foto abaixo). Óbvio, que lá também estavam o macarron e o mil folhas.

Precisei tirar do fundo do meu cérebro o francês do colégio de freiras francesas onde estudei por quatro anos. As balconistas entenderam minha apreensão e, ao mesmo tempo, minha vontade de falar. Deu tudo certo.
Aqui, uma ressalva. Em Luxemburgo, os idiomas oficiais são o alemão, o francês e o luxemburguês, uma mistura das duas línguas anteriores. E, o inglês sempre ajuda, né?
Se estiver por aqui e puder atravessar as fronteiras de um dos países da Europa, sempre pode ser uma boa opção. Surpresas agradáveis do outro lado sempre existem.
Fotos. Arquivo Pessoal
Guiga Soares é brasileira e vive entre o Rio, Mannheim (Alemanha) e Lisboa. É jornalista, formada pela PUC-RIO, com pós-graduação em Marketing e Sociologia Política, escritora, relações públicas e produtora de grandes eventos. Atuou na Copa do Mundo de Futebol de 2014 e nos Jogos Olímícos Rio 2016, entre outras produções. Atualmente, se dedica ao mundo dos contos e das crônicas. Em 2023, lançou seu primeiro livro "Um Golpe na Sorte" pela editora Bandeirola de São Paulo.
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