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Viver no México ou as riquezas dessa vida

Atualizado: 6 de out. de 2019


"Se você tem: - uma família que te ama - uns quantos bons amigos - comida na mesa - um teto sobre sua cabeça Você é muito mais rico do que imagina ser."

Ontem foi um dia que poderia ter sido rotulado como "difícil", mas talvez tenha sido um dos mais doces e mágicos deste meu viver no México.

Eu tinha 6 castings para fazer em 3 castineiras (produtoras) diferentes. Consegui matar 3 na parte da manhã e os últimos 3 que, eram numa mesma castinera num bairro mais afastado, deixei para a parte da tarde.

O lance é que nesta época (de chuvas aqui em DF) se sabe que inevitavelmente chove em TODAS as tardes. Eu me esqueci. E fui completamente despreparada: sem casaco, sem guarda-chuva.

Como de praxe, esperei 1h30 para conseguir fazer o primeiro casting da tarde e, a chuva que já estava forte, se intensificou com a presença de granizo e conseguiu afetar os cabos de eletricidade da rua, produzindo um curto circuito deixando TODA a castineira sem luz.

Isso bem.na hora que eu finalmente consegui entrar no estúdio pra fazer o meu PRIMEIRO casting dali. Pensei: "ok, alguém lá em cima ta zuação comigo..."

20min depois a luz voltou, e pude ir fazendo os castings seguintes, quando claro, havia luz, já que a brincadeira agora era rezar pra que a mesma não me impedisse e me permitisse voltar o quanto antes pra minha casinha.

Ok. Castings feitos e... como vou embora pra casa? Sair caminhando não era opção, por um bairro longe da minha casa, rua completamente inundada, pedir carona não tava rolando, já que os poucos que tinham carro estavam dando carona aos seus amigos. Taxi não passava. Yaxi, easy taxi, uber: nenhum motorista disponível. Nenhum amigo/a ou conhecido ali comigo.

Eu estava sozinha nessa. (Pensei). Até que junto comigo, sobraram um casal de mexicanos e uma mexicana mais frágil que eu, pois trazia seu bebê de 8 meses em seu carrinho. Dizem que a dor une as pessoas, e lá estávamos nós: bem lascados. Até que somos brindados com a noticia que teríamos de deixar a castineira pois a mesma seria fechada. Sim, os 4 e um bebê no carrinho andando pela chuva, sem guarda-chuvas, tentando achar pelo menos um toldo que nos protegesse enquanto esperávamos que o esposo da mãe do bebê (que estava a pelo menos 2hs dali) nos resgatasse.

Não havia uma lojinha, uma lanchonete ou barzinho abertos e o anoitecer já nos trazia frio. Até que depois de uma 1h debaixo de um toldo, muito choro do bebê, frio, fome, nos passa uma senhora que nos convida a entrar no seu prédio e pelo menos não passar frio em sua portaria. Meu Deus!!! Que benção!!

Até que bastaram poucos minutos ali naquela portaria, para a mesma senhora descer com uma manta para o nosso bebê. Não contente, insistiu que esperássemos em seu apartamento, mais cômodos. Não queríamos aceitar, além da vergonha de incomoda-la, ÉRAMOS 4 PESSOAS E 1 BEBÊ! Enfim subimos e fomos recebidos da maneira mais carinhosa num apartamento bem simples mas tão quentinho e com a hospitalidade mais carinhosa que deixaria qualquer castelo ou palácio no chinelo. Ali, 5 estranhos conversaram sobre a vida. Rimos com a intimidade de quem se conhece há anos. Um bebê que foi amado e cuidado como filho de cada um dali. A magia da humanidade, da empatia e da compaixão se fez presente. Ficamos 2hs ali. Talvez as 2hs mais lindas que vivi nesse México.

Existe bem-querer desinteressado. Existe doçura no ser humano. Existe irmandade além da etnia, cor, nacionalidade ou sexo. Eu fui cuidada por estranhos. Uma senhora que nunca vi na vida abriu as portas da sua casa para que eu estivesse protegida. Eu fui amada e cuidada numa cidade e num país onde não nasci e não tenho família. Não sei se é sorte ou bom karma, mas nesta vida, eu me sinto abençoada.

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