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  • Foto do escritorDo Rio pra cá

4 comidinhas cheias de afeto para essa quarentena


“Pois, aqui, estamos nós em meio a uma quarentena que parou o mundo. Hoje, eu, Sonaira, deveria estar em Lisboa. E, em um par de dias seguiria para a Bavária. Mas, continuo por aqui, no Brasil, em casa. E, em compasso de uma nova ordem que me leve pra lá na Alemanha ou, quem sabe, não. Faz um tempinho que vivo lá e cá como já contei aqui.


Este é um texto a 8 mãos: eu, Dani, Guiga e Ana. É um texto sobre as comidas que estamos preparando com afeto e com as lembranças das nossas vidas e das nossas famílias nesse confinamento de 2020. Essa certa instabilidade tem nos dado a oportunidade de lidar com esta situação e de nos desafiarmos. Como?

Eu ando bem em paz com as minhas melhores memórias, aquelas que nos envolvem e transportam para um tempo fora ou melhor, dentro. Falei disso sobre a trilha sonora de casa neste post aqui. Tudo são lembranças.


COZINHAR É UMA FORMA DE MEDITAÇÃO

Gosto de cozinhar. Nada que se compare à nossa super chef Dani Paiva, mas de alguns dias pra cá ando me desafiando por aqui. Com a ajuda de amigos tenho recebido peixes fresquíssimos direto de um pescador. O “barco chegou, vai querer algo?” .

Como resistir à tentação? E, lá vou eu ostentar. Um dia lagostins no abacaxi com risoto de limão siciliano, em outros, camarões com espaguete ao alho e óleo ou camarões na abóbora moranga. Dependo do que recebo do pescador, pode ser também, uma moqueca de tamboril, trilhas fritas, bobo de camarão, escabeche de peixe ou, quem sabe, cavaquinha à Bulhão Pato, uma receita portuguesa.

Cozinhar é uma forma de meditação e me traz alguma novidade para esse momento. Adoro o que vem do mar. E, na Alemanha, sinto muita falta .


DE VOLTA PARA O COLO DE MÃE COM A PIZZA DE SARDINHA POR SONAIRA D’ÁVILA DA ALEMANHA E DO RIO

Mas, confesso que as incursões culinárias que mais me emocionaram foram as que de alguma maneira me levaram de volta “pra casa”. Aquelas de infância, simples e com afeto.

Meu marido acha graça quando tomo o café da manhã e como um pouco de farofa.

Meu momento de dizer oi para minha “vó". Um dia conto esta história. Para aquele colo da “mãe”, vou de pizza de sardinha. E, com este sabor deixo vocês esta história que já contei.


Ah, a receita da Pizza de Sardinha está aqui: 3 colheres de sopa de fermento em pó, 1 colher de sopa e 1/2 colher de açúcar; 1 colher de sopa de sal, 1/2 xícaras de chá de azeite, 1 xícara de chá de água e farinha de trigo até dar ponto.

Junte todos os ingredientes e deixe descansar por 10 minutos. Abra a massa com rolo até ficar com meio centímetro de espessura. Coloque em uma forma untada com azeite.

Para o recheio: 1 lata de sardinhas das grandes ou 2 das pequenas, 4 tomates grandes, 1 cebola, 2 colheres de sopa de massa de tomate, 1/2 xícara de chá de azeite. Faça um refogado da cebola e acrescente depois a sardinha e os tomates. Gosto também de colocar alho amassado nesse refogado. Depois, é só jogar por em cima da massa aberta e levar para assar.”


A PAZ DE UM CREME DE FEIJÃO COM CENOURAS POR DANI PAIVA DE LONDRES


“Passei a ter uma relação mais profundamente afetiva com as sobras de comida nesse período de confinamento. É como se nessas horas o meu serzinho pequenino cumprisse um pedacinho do papel de fazer bem ao mundo em meio ao caos a cada prato requentado ou a cada nova roupagem para a sobrinha de arroz, de feijão, de carne.


Nada, mas nada de verdade, vai para o lixo aqui em casa. Uso cascas de verdura para o caldo. Reaproveito gotas de molho nas saladas. Não tem resto que siga incólume. Esta semana, um amigo Masterchef (Masterchef mesmo, que participou e ficou entre os últimos seis) confessou que havia reanimado um pouco de feijão e de carne em uma panela de chilli. Pura comida-conforto, veja só!


Foi quando a minha geladeira praticamente bradou o sinal de alerta. Habemus feijão e carne! Rumo à cozinha.


Fritei alho e cebola com páprica e cominho. Acrescentei a fraldinha desfiada que tinha junto com o feijão (cozido anteriormente com chorizo e costelinha), passata, louro, cenouras (as últimas, já abandonadas, tadinhas!) e uma pitada de açúcar e canela.


Fogo baixo até aquilo tudo se juntar e virar quase um creme. Servi com purê rústico de batata e wild garlic, um alho típico daqui do Reino Unido. Ficou aquela comidinha que abraça a gente, sabe? E, que dá uma paz danada, bastante necessária em todos os tempos, aliás.”


A ALEGRIA DO ARROZ INTEGRAL COM CÚRCUMA POR GUIGA SOARES DO RIO DE JANEIRO

Pra começar: nunca fui fã de cozinhar. Sempre admirei, e admiro, quem tem esse dom. Sempre me enrolei: quase uma catástrofe na cozinha. Até hoje, sobrevivi ao fogão. Sou filha de uma casa onde mãe, tias, avós, enfim, todas cozinhavam bem.


Já contei aqui em um texto sobre uma das tias por parte de pai que fazia meus bolos de aniversário. Ela sabia fazer de tudo: de massa para os pasteis de queijo a sonhos recheados de creme. Acho que fui mal acostumada! Acho que tinha vergonha diante dos exemplos da família.

Quando essa pandemia do novo coronavírus estava se materializando aqui no Brasil, no Rio, passei por horas de aflição. Na noite do domingo de Carnaval, senti muitas dores na região do estômago. Até desmaiei. Acabei na emergência de um hospital. Passei por todos os exames. Fiquei por lá 4 horas. Tudo levava a crer que era uma severa intoxicação alimentar sem nenhum outro motivo aparente. Depois de medicada, voltei pra casa ainda me sentindo muito mal. Dormi pouco. Levantei várias vezes. Desmaiei de novo.

Nos dias seguintes, fiquei em casa com náuseas, dor de cabeça e comendo quase nada. Morria de medo de voltar a ter as mesmas dores. Resolvi, enfim, procurar a ajuda de um médico especializado na área e uma nutricionista de respeito.

Acabei descobrindo uma gastrite. Meus exames de sangue também tinham algumas alterações desnecessárias. Enfim, a minha alimentação precisou mudar completamente por recomendação médica de uma hora para outra. Sem lactose, sem glúten, sem açúcar processado, sem gordura, sem isso, sem aquilo. E, com as lojas fechando aqui e acolá!

Daí, precisei enfrentar a cozinha. Essa maneira de fazer o arroz traz conforto ao meu corpo. Me faz feliz. É do tipo: “ eu fiz”, “ eu consegui”! A receita é simples: arroz integral, tomate sem pele, pimentão amarelo, alho amassado, cebola ralada, um cravo, farinha de côco, cúrcuma, sal a gosto e um pouco de azeite. Depois de refogar esses itens, acrescento o arroz integral lavado. Aos poucos, em fogo baixo, vou colocando água quente para cozinhar o arroz. Minha mãe fazia assim!

Ainda estou aprendendo a fazer um monte de outros pratos. Já melhorei um pouco. A nutricionista me enviou algumas receitas, uma agenda com horários e com os produtos que podem ser consumidos. Bem, é como diz o ditado, “dos males o menor”. Já pensou se nessa ida ao hospital em pleno Carnaval os exames acusassem a Covid-19? “


O ACONCHEGO DA AVÓ PORTUGUESA NO ARROZ DE GRELOS POR ANA VILLAÇA DE LISBOA


Só para iniciar o papo: grelos é agrião no Brasil. Esse arroz me lembra a minha família, me lembra mais ainda a minha avó paterna. Ela era portuguesa. Adorava quando ela fazia esse arroz. Adorava o cheiro que vinha da cozinha. Sei que tem muita gente que não curte agrião. Acha um pouco amargo. Mas, experimente essa dica. É muito bom.

A receita é para 6 pessoas. Só de escrever esse texto já lembro da minha avó, do perfume da comida, do carinho dela. É muito bom nessa fase de pandemia lembrar desse sentimento. Aí vai: 1 molhinho de grelos/agrião cortadinhos em pedaços, 400 gramas de arroz branco, 5 colheres de sopa de azeite, 1 cebola picada, 2 dentes de alho amassados, 1 folho de louro, 1 litro e meio de água e sal a gosto”.

Todas essas comidinhas têm em comum o afeto e a alegria que esses pratos trazem aos nossos corações. Ou, por necessidade, ou por uma forma saudável de comer ou pelo calor das boas lembranças da família.


Depois, conta pra gente o que você achou, se você testou algumas das receitas e se curtiu.


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