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  • Foto do escritorSonaira D'Ávila

Na Alemanha, aprendi a fazer faxina de novo


Prédio pequeno na Alemanha
A boa maioria dos prédios da maioria das cidades alemães são baixos e sem elevador. ( Foto: Guiga Soares)

Morar na Alemanha nunca foi um sonho. Aconteceu. Hoje, 12 anos depois, viver aqui é uma realidade. Venho refletindo muito sobre isso. Muita coisa muda quando se é uma mulher independente e que precisa, como uma criança, aprender diversas coisas novamente como, por exemplo, falar, conversar, fazer compras, por exemplo.

Hoje, reparto com você como me virei, principalmente, como aprendi a arrumar minha casa na Alemanha. Pode não parecer, mas é diferente. Morar na Alemanha me ensinou um monte de coisas, inclusive, como as casas são diferentes e como fazer a faxina.


REALIDADE URBANA DIFERENTE À DO BRASIL


Meu marido já tinha um apartamento montado na Alemanha quando decidimos seguir a favor do vento e viver por aqui. Logo de cara percebi que os prédios, em sua maioria, são baixinhos em grande parte das cidades. Com algumas poucas exceções, o gabarito médio é de 4 a 5 andares sem elevador e porteiro.

Os prédios têm um interfone com os sobrenomes dos moradores em vez dos números dos apartamentos. A correspondência é entregue na caixa de correio com o seu sobrenome. Se a carta vem com um nome que não está nas caixas de correio, você não recebe nada. Foi uma confusão com o meu sobrenome no começo até eu fazer a mudança no correio e na prefeitura.

Outra coisa, por aqui, mesmo antes da pandemia, na maioria das residências os sapatos ficam na entrada do lado de fora. E, todo mundo tira quando entra em casa. Ou, ficam do lado de dentro, junto ao cabideiro com casacos no hall de entrada.

CONHECENDO A ARTE DE FAZER FAXINA, MAS NA ALEMANHA

Banheiro e produtos alemães para limpeza
Descobri da forma mais dura que os banheiros não têm ralo. (Foto: Guiga Soares)

Os apartamentos e casas não têm um banheiro privado, tipo suíte, ou área de serviço com tanque. Imagina: uma casa sem tanque. Nas minhas primeiras semanas, descobri que mais cedo ou mais tarde chegaria o dia que eu teria que encarar a faxina.


De cara percebi que somos muito mimados no Brasil. Todo mundo sabe que empregada doméstica ou faxineira é um artigo de luxo pelo mundo a fora. Aqui, na Alemanha isso não é uma exceção.

Bem, um dia resolvi lavar o banheiro. Como uma boa brasileira decidi botar o chão de molho. Deixei, por um tempo, com algum produto bem forte que achei no armário da dispensa. Não sabia nem bem para que servia e se era muito forte ou não.

Botei uma música para animar e fui fazer outras coisas. De repente, começou a sair água de dentro do banheiro com o tal produto. Só então descobri que não havia ralo no banheiro. É algo comum.

Daí, rapidamente a água se espalhou pelo piso de madeira da sala. Me desesperei. Saí pela casa à procura de vassoura ou pano de chão. Não encontrei. Não havia me preparado para fazer essa faxina no esquema alemão. Só tinha aspirador de pó.


Fui salva pelo estoque de toalhas da casa. No dia seguinte, saí à caça de vassoura e pano de chão para comprar. Pano de chão como conhecemos no Brasil também não existe. Comprei outro tipo de coisa.


Passando o susto inicial, comecei a tomar pé da situação. Percebi que não sabia nada. Descobri, também, que morar na Alemanha era muito mais que falar o idioma corretamente. Foi preciso aprender sobre as residências. Isso é fundamental.

Pois é, devagar fui percebendo que nunca seria uma nativa e, ao mesmo tempo, precisava me virar nessa nova realidade caseira. Com o tempo, aprendo cada vez mais sobre outra cultura e sobre viver com os outros costumes.


Aprendo também a me alfabetizar em outro idioma. Meus olhos enxergam tudo em volta e jamais vão enxergar como o mundo era antes da minha vinda para cá.


Essa é a difícil arte de mudar sem questionar as suas raízes, crenças e valores. Depois que eu descobri o que numa sociedade funciona e em outra não, inevitavelmente comecei a comparar as bases das duas e ver as diferenças. E, vou me adaptando da melhor maneira possível e sem perder a minha essência. E, sem arrumar mais confusão na faxina da casa.

Um prost (brinde) às mudanças!


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