Vou contar pra vocês minha experiência na República Dominicana viajando pela primeira vez na garupa de uma moto. Na verdade, preciso contar, antes de mais nada, o porquê de toda essa história. Foi “La vuelta a mis orígenes” (a volta às minhas origens)
Sou 50% brasileira (sou carioca) e 50% dominicana. Minha mãe nasceu na pequena província de El Seibo, distante a mais ou menos 100 km de Santo Domingo, capital do país-ilha caribenho.
Ela veio para o Rio de Janeiro para se casar e aqui ficou até morrer.
Minha família materna mora por lá. Já não os visitava há alguma tempo. Conversamos muito pelos aplicativos de mensagens e pelas redes sociais. Mas, ao vivo é outra coisa. Pude rever em uma das minhas tias a alegria e o riso escancarado da minha mãe. Foi uma festa!
A PRIMEIRA VEZ NA GARUPA DE UMA MOTO
O país é mais conhecido por Punta Cana. Mas, um dos meus primos, Juan, sugeriu um destino diferente: Las Terrenas, pequena vila na península de Samaná, no nordeste na costa do oceano Atlântico. Para chegar até lá, pegamos um ônibus bem cedo na rodoviária da capital, Santo Domingo, e desembarcamos no pequeno povoado de Sánchez depois de percorrer quase 200 km.
Depois, seguimos na garupa de motos até Las Terrenas. A princípio, me assustei: nunca havia andado de moto. Pode parecer inusitado, mas é verdade. Fui orando para a Virgem de Altagracia, padroeira do país de quem minha mãe era devota, além de ser seu segundo nome de batismo.
O piloto percebeu minha tensão. Foi devagar. A cada curva, meu coração batia ainda mais forte. Levamos mais ou menos 25 minutos por uma estrada asfaltada que atravessa uma região montanhosa, que ora margeia a mata ora o mar. Não curti a vista. Não dava. Muita apreensão. Foi um alívio quando desci da moto.
Essa região era isolada do restante do país até mais ou menos os anos 1940. O povoado de Las Terrenas se transformou mais tarde em uma vila de pescadores. Depois, foi descoberto por alemães e franceses. Hoje, tem um fervilhante mix de culturas que convivem muito bem sob o sol caribenho. Os turistas chegam em voos diretos de vários locais da Europa ao aeroporto internacional da cidade de Samaná distante 30 minutos de carro.
TEMPESTADE NO MEIO DA TARDE
Passeamos por um centrinho de compras. Encontramos uma loja, por exemplo, que vendia peças e bijuterias com o famoso âmbar dominicano - pedra de origem vegetal que existe em abundância na ilha e é considerado um dos mais claros e puros do mundo. Alguns povos da América Latina o consideram uma pedra de proteção.
A fome falou mais alto. Escolhemos um restaurante com mesinhas na areia. Pedimos um prato de peixe acompanhado de abacate (usual na cozinha dominicana), aipim, arroz e legumes. Para beber, é claro, a cerveja Presidente. Criada em 1935, hoje, a Cervecería Nacional Dominicana pertence ao grupo Ambev.
Mas, para não nos deixar esquecer que estávamos numa ilha no meio do oceano Atlântico e do Caribe, o tempo mudou com muita rapidez. Em menos de dois minutos, o céu azul se tornou cinza escuro quase preto. Ventos fortes derrubaram mesas, cadeiras e tudo que encontrava no seu caminho. Os coqueiros se curvaram até o solo.
Em seguida, uma chuva furiosa caiu. O mar subiu em instantes e nos alcançou. Foi um alvoroço. Os clientes do restaurante que estavam com crianças correram em direção à praia para resgatá-las. Nós começamos a ajudar as garçonetes que se movimentavam nervosamente de um lado para o outro.
Procuramos nos abrigar no bar que tinha uma cobertura de palha. Esperamos. A tormenta caribenha durou mais ou menos 7 minutos, o suficiente para fazer um estrago enorme. Quando parou, ainda com o céu cinza, voltamos para nosso almoço. O pedido do prato precisou ser refeito. O anterior se foi em meio ao aguaceiro. Detalhe: não nos cobraram nenhum dos dois pedidos. Santa hospitalidade caribenha.
Voltarei ao tema dessa vez com os passeios em Santo Domingo.
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