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Foto do escritorMônica Marks

Viver fora do Brasil: os lados positivos e negativos

Atualizado: 6 de fev. de 2021


Basel na Suíça
Basel ao anoitecer, nosso lar pela segunda vez. ( Foto: Pixabay)

Aqui, começa outra fase da nossa vida pelo mundo. Eu, Mônica, agora, posso falar mais sobre os pontos positivos e negativos de viver fora do Brasil. Como já contei, chegou um momento que não dava mais para morar nas terras da rainha Elisabeth. Foram dez anos de experiência britânica.

Enfim, mudamos para a Suíça. Vivemos 7 anos em Basel, cidade incrível que fica na fronteira com a França e Alemanha. Passear de bicicleta em três países em só um dia é uma experiência única e possível porque vivemos em Basel.

A cidade é rica em cultura, cheia de museus e altamente cosmopolita por causa das sedes de várias indústrias farmacêuticas. São mais ou menos 160 diferentes nacionalidades convivendo no mesmo espaço. A Suíça é como perfume francês: pequenininha, mas com muito conteúdo de qualidade.

Os suíços não têm nada a ver com os alemães. São mais relaxados e com mais senso de humor. Mas, super intrometidos na vida alheia. Se você estiver fazendo algo que eles desaprovem, vão se aproximar e falar com você sem medo. Adoram uma barganha e uma coisinha grátis! Adoram também ‘coisas’ exóticas. O fato de ser brasileira, aqui, é um plus. Bem, diferente da Inglaterra. Acho que me sinto mais em casa.

Enfim, estávamos bem confortáveis, aqui, em Basel. (E, sim, voltamos e hoje vivemos de novo na Suíça. Depois, eu conto.) Mas, acabamos optando em mudar um pouco nossa rotina suíça e a vidinha bem regular. Resolvemos mudar de país novo.

NOVA ETAPA DE VIDA NA AUSTRÁLIA

Mônica e Scott
Eu e meu marido Scott e lá ao fundo o Opera House em Sidney ( Foto: Acervo Pessoal)

Aí, vamos nós de novo. Meu marido avisou na companhia que estava aberto para ofertas internacionais. Primeiro, veio a opção de Tucson nos EUA: muito cowboy para o meu gosto. Depois, México: muito parecido com o Brasil. Veio então a Austrália. O brasileiro tem uma quedinha pela Austrália, né? Mas, fica tão longe!

Enfim, a empresa do meu marido é show! Pagou a passagem da esposa(o) para checar se ele ou ela iria ou não se adaptar ao novo país. Enfim, lá fomos nós para checar esse outro país por dez dias. Ok, vou confessar que não foi amor à primeira vista. Mas estava tudo dentro do aceitável. Nossa vontade de mudar era grande. Enfim, decidimos ir de vez para a Austrália.

Os primeiros 3 anos foram de honeymoon (lua de mel) descobrindo a Austrália e qual era a da Austrália. O país é meio como o Brasil, porém 200 anos mais jovem e com 200 anos menos de desgaste. A natureza é um espetáculo, ainda bem conservada e com a vantagem de ser uma grande ilha no meio do nada. E, é certamente uma vantagem em alguns aspectos.


Austrália, Sidney
Os 3 primeiros anos na Austrália foram de lua de mel. ( Foto: Acervo Pessoal)

A comida me chamou muito atenção. O produto australiano tem um gosto diferente e muito mais fresco do que o produto na Europa. Além disso, a influência asiática é bem forte nos temperos e nas opções de restaurantes. O café é um espetáculo devido a forma como é tostado. Nunca mais um café será o mesmo depois que provei os de lá.


CONHECENDO O POVO AUSTRALIANO PARA ENTENDER O PAÍS


Austrália
A Austrália é meio como o Brasil, porém 200 anos mais jovem . (Foto: Acervo Pessoal)

A personalidade dos australianos foi incrivelmente difícil de entender. Uma mistura das influências britânica, americana e, é claro, dos povos locais. Quem conhece a história da Austrália sabe que nada foi como um conto de fadas. Nada foi fácil. A colonização e a ‘desova’ dos condenados britânicos, como se fosse uma grande prisão de Alcatraz, e a quase aniquilação da população aborígene moldou a história do país.

Me chocou saber que até 1979 os aborígenes não tinham autorização do governo para circular livremente pela Austrália. Eles só podiam ficar no território deles ao norte do país. Até hoje, infelizmente, eles sofrem com o desemprego e com a falta de perspectiva de vida, o que os faz voltarem para o alcoolismo e para o crime. Somente quando se vive no país por algum tempo e se preocupa em observar o lado não tão positivo do lugar é que você passa a entender tudo melhor.

Mas, a Austrália é tão longe! Foi ótimo por certos aspectos, mas se você não tem conexões fortes acaba se sentindo muito isolada. As pessoas não vão te visitar, porque elas precisam de, pelo menos, 2 semanas para entender se vale a pena fazer o trajeto até a sua casa. Pensamos em ficar por lá. A comida, o clima bom e, é claro, alguns amigos queridos, mas tudo isso não foi suficiente. Depois de um tempo, decidimos que a Suíça seria uma ótimo lugar para enraizar! E, assim voltamos para Basel!


O LADO BOM E RUIM DE MONTAR UM LAR EM TANTOS PAÍSES DIFERENTES

Praia no Rio Reno
Essa é a minha praia em Basel à beira do Rio Reno. ( Foto: Acervo Pessoal)

Existem pontos positivos e negativos em viver fora do Brasil e tornar tantos países diferentes como a sua casa permanente. Primeiro, notei com um certo pesar os defeitos do meu país de nascimento. A personalidade do brasileiro não é da forma que falam aí. Isso rende outro texto. Seria muito complicado para descrever rapidamente em um parágrafo. Como estou longe há anos tenho essa perspectiva. Nesse link, você pode conhecer o início dessa trajetória fora do Brasil . Enfim, essa distância me permite analisar melhor.

Com o passar do tempo, você acaba não se comportando de uma maneira típica do país de origem. Acaba absorvendo comportamentos diferentes dos países por onde viveu. Impossível evitar. Parte da integração é exatamente uma ligeira adaptação dos costumes e do modo de ser. Não é uma perda da personalidade. É uma questão de adaptabilidade e de sobrevivência.

Você faz amigos, tem ligações emocionais e, constantemente, acaba precisando exercer o desapego. É uma realidade mais desagradável no nível humano. As questões materiais você tira de letra. Não é um pensamentos como desapega, deixa pra lá. Tudo é muito é real e muito mais complexo do que apenas uma palavra dos ensinamentos de ioga.


No entanto, não consigo me imaginar sem essas experiências. E, quem sabe, ela ainda não parou!


Gente, amei muito contar um pouco da minha trajetória fora do Brasil. Como já disse, isso moldou a pessoa que sou hoje. Tudo faz parte da Mônica de 2020.


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Tags: Suíça, Basel, Austrália, Inglaterra

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