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  • Foto do escritorDo Rio pra cá

No ar!

Atualizado: 28 de out. de 2019


No avião, na primeira fila da cabine executiva, um moço careca viaja sozinho. Ele foi casado um dia. Hoje, está só, por escolha. Ele viaja à trabalho. Não ama ninguém, pensa em números desde a hora que acorda. Pensa inclusive nos inúmeros fios de cabelo que perdeu de tanto pensar em números. Ele queria férias, mas, estas, só em maio ele vai encontrar.


A aeromoça entrega-lhe uma garrafa de água e segue. Ela tem o rosto com algumas rugas suaves. Acabou de fazer 49. É uma mulher muito bonita. Ela quer voltar pra casa. Passou 4 dias fora. Quando saiu, a filha caçula estava com febre. A avó cuidava da menina. A mãe queria não ter que voar, mas, é seu trabalho... No Brasil, ela comprou canetas coloridas. Quando chegar em casa, mãe e filha caçula, vão desenhar juntas muitas estrelas, sóis, casas com chaminés soltando fumaça bonita e pinheiros verdes enfeitados por bolinhas coloridas... A menina de óculos da fileira 13 viaja com os pais. Será sua primeira vez em Paris. A menina vê um filme divertido e ri tapando a boca. Em menos de uma hora, ela vai pegar no sono, vai perder o final do filme...


Três fileiras para trás, a moça do cabelo pra cima leva na mochila o presente do namorado, francês. Ela quer casar com ele. Ele quer casar com ela. No Natal, ele vai tirar uma caixinha de veludo do bolso da calça. Atrapalhado pelas lágrimas dela, ele vai deixar a aliança cair. A moça vai rir, a mãe dele vai rir, ele vai ficar com vergonha. Ela vai dizer "sim” e, dois anos depois, terão o primeiro filho. Um menino chamado Remy;


Na poltrona 24C, uma mulher digita no bloco de notas do seu celular uma história de Natal, onde cada personagem tem sua trajetória pessoal, cheia de fantasia e desejos bonitos. Essa mulher sou eu.

Pra você, feliz Natal e que seus desejos lindos e secretos se realizem 🎄

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