Vou contar pra vocês como é a minha vida nesse período de Jogos Olímpicos: fica louca. Por favor, não riam, não me recriminem. Sou apaixonada por esporte, pelos Jogos Olímpicos. Fico horas na frente da tevê tentando acompanhar as partidas e as apresentações. E, tem história nisso.
Na adolescência, sofri com dores na coluna e na perna direita. O diagnóstico: escoliose. Acho que já tinha a altura que tenho até hoje, 1,68, portanto alta para a idade, segundo os médicos. A recomendação foi palmilha pra nivelar o caminhar, exercício diários e natação. Aí está o começo de tudo.
Nessa época, já estava fazendo sucesso nas piscinas o nadador americano Mark Spitz, ganhador de 7 medalhas olímpicas de ouro em Munique na Alemanha. Esses jogos ficaram marcados pela tragédia com os atletas da equipe israelense mortos nos ataques terroristas. O nadador só seria batido por outro americano Michael Phelps que ganhou 8 medalhas de ouro em Pequim em 2008
Achava, na minha inocência de adolescente, que poderia ser uma atleta do esporte. Total falta de noção, não é? Sem talento pra isso. Aprendi a nadar em meio a uma turma infantil. As crianças riam de mim: “vai se afogar!” Me chamavam de girafa aquática.
Mas, não tinha jeito: era a aula de natação ou um aparelho para segurar a coluna. Tive sorte com o professor: era paciente. Um dia, enfim, atravessei a piscina semiolímpica em nado livre. Mais lenta do que a turma, mas consegui. Depois, aprendi o nado de costas e de peito. Nadei muito tempo da minha vida até ser tomada pela dança. Nado borboleta vai ficar para outra encarnação.
O que restou dessa experiência foi um amor maior pelo esporte, pelos Jogos Olímpicos. Já era muito ligada ao futebol, aos jogos da Copa do Mundo, ao Flamengo e ao Maracanã. Fiquei mais ligada ainda.
UM SONHO REALIZADO
Como profissional de Comunicação, sempre acalentei uma vontade: trabalhar na equipe organizadora dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos. Em 2016, foi um sonho realizado. Fui coordenadora de Protocolo e depois gerente de integração de segurança para as cerimônias de abertura e encerramento no Maracanã.
Pelo meu cargo, participei da intermediação para acertar todas as questões para o perfeito funcionamento da pira olímpica entre a equipe de realização das cerimônias e as autoridades governamentais, tais como, o Corpo de Bombeiros.
Conversa delicada. Pisava em ovos, como se diz. Necessidade de adequar a beleza, o momento protocolar olímpico e os detalhes exigidos pela segurança. Afinal, nada poderia dar errado. A chama significa o anúncio do começo da celebração do evento e traz a mensagem de amizade e paz entre os povos.
O teste foi feito numa madrugada dois dias antes da abertura. Maracanã às escuras, vazio – só as equipes responsáveis foram autorizadas a ficar no estádio. Chuva fina, frio do inverno, silêncio. Na mente de cada pessoa, apreensão. “Será que vai mesmo funcionar?” A nossa sensação era a mesma de um jogador quando vai chutar um pênalti. O ar fica preso nos pulmões. Só é liberado durante o chute.
Enfim, ela foi acionada em meio àquela escuridão de um Maracanã sem torcedores. Alívio, muitas lágrimas, palmas. Esse choro voltou no dia da cerimônia de abertura, 5 de agosto de 2016, quando o maratonista Wanderley Cordeiro de Lima acendeu a pira. Muita emoção mesmo. Inesquecível.
Nesse último dia 23 de julho, quando a pira dos Jogos Olímpicos Tokyo 2020 foi acesa, claro, as lágrimas rolaram pelo meu rosto. Como não lembrar da emoção de 5 anos atrás? Como não lembrar de tudo o que as equipes passaram devido a pandemia, à falta de vacinas, a tanta tristeza e incerteza? Chorei mais ainda.
Daqui da minha casa no Rio de Janeiro, fico desejando que o fogo olímpico chegue a todos. E, com ele, muita energia, força, paz e alegria. Sucesso sempre.
Essa semana tem mais história sobre o Japão, Tóquio, Jogos Olímpicos. Nossa homenagem a esse período. Não percam.
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