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  • Foto do escritorDo Rio pra cá

Uma nômade brasileira nos Estados Unidos


Rockaway Beach. Nona Iorque
Na estrada, depois de nadar nas águas geladas da praia de Rockaway Beach, em Nova Iorque..

Sou uma nômade moderna. Me chamo Hada Luz Andrade Ángel. Vivo numa van, num motorhome, junto com meu marido David desde junho de 2019. Minha alma nômade venceu a batalha contra algo razoavelmente estável e conquistou as estradas. Me sinto como naquele filme que recebeu o Oscar de melhor filme, melhor atriz e melhor roteiro em 2021, "Nomadland".


Quando pensei em viver num carro, sabia que seria uma mudança radical, algo nunca vivido. Vendi o que podia vender; dei também muitas coisas; guardei algumas roupas e livros para quando fosse de férias para a casa dos meus parentes.


VIDA NA ESTRADA DESDE CRIANÇA


Sou brasileira, nascida em Uberaba, Minas Gerais. Mas, fui criada viajando. Sempre, com meus pais, principalmente, com minha mãe. Ela ama mudar de ares. Meu irmão e eu tivemos uma infância entre Bahia, São Paulo, Rio de Janeiro. Vivemos também no país do meu pai, Colômbia, dos meus 10 aos 17 anos.


Voltei ao Rio de Janeiro, onde fiquei de 17 aos 25 anos. Voltei para a Colômbia. Quando criei asas próprias, continuei viajando. Agora, com 36 anos nesse motorhome, carro-casa, trailer, seja lá o que for, o importante é a liberdade.


Compramos esse veículo na Flórida. Demos a volta completa em cinco meses pelos Estados Unidos. A viagem rendeu um livro e um filme. O livro já está na Amazon com o nome ¨La Morada por el mundo”. É dedicado para o viajante que todos levamos dentro nós. Por hora, só existe a versão em espanhol. A versão em português já está pronta. Acho que lançamos ainda em 2021.


O nosso filme vai demorar um pouco mais. Por esse motivo, recomendo o filme ganhador do Oscar 2021,¨Nomadland¨. O tema toca numa interessante questão dessa nova forma de viver. Cada vez há mais pessoas se jogando para se tornarem nômades modernos.


CINCO MESES COMO NÔMADE PELOS ESTADOS UNIDOS

Monte Rushmore, Keystone, Estados Unidos
De frente para o Monte Rushmore, Keystone.

Viajar durante 5 meses nos Estados Unidos, me fez ampliar a visão sobre os norte-americanos. Fiquei apaixonada pelos majestosos e tão bem cuidados parques naturais.


Pude entrar dentro de uma “Secuoya Milenar”, dessas que precisam de mais de 20 pessoas para abraçá-la. Veja a foto acima. Estive na praia mais fria da minha vida em “Rockaway Beach”, Nova Iorque. Morri de calor nas Cataratas do Niágara. Nadei, naveguei e, até, afundei um kayak emprestado no maior lago com a maior quantidade de água cristalina do mundo em Montana, o ¨Flathead Lake¨.


Conheci os gêiseres que têm hora marcada para explodir no parque de Yellowstone, localizado predominantemente no estado de Wyoming. Pude me nutrir nas sagradas montanhas de “Shasta”, na Califórnia, local que, além de ser o primeiro chacra do planeta, é considerada a terra de Lemurianos. Aqui, um pouquinho de história. Lemúria seria uma terra perdida entre o oceano Pacífico e o Índico por uma teoria científica do século 19.

Estive no Grand Canyon do Colorado onde só desejei ser um pássaro. Olha aí em cima. Passei por grandes cidades. Deixamos que as nossas pernas ou o nosso motorhome nos levassem pelas ruas de Miami, Nova Iorque, Seattle, San Francisco, Los Angeles, San Diego, Las Vegas e Houston. Viajamos sem destino fixo.

UM SONHO DE VIDA PRA MUITA GENTE

Cinco meses pelos Estados Unidos. Ai está nosso trajeto.

É uma vida sonhada para uma grande parte da população. Mas, nem todos se animam a dar esse salto no vazio da estrada. No vazio de não saber onde vai dormir; onde vai tomar banho; como vai gerar dinheiro para sobreviver no caminho. Uma vida que não mostra quais serão os vizinhos da manhã seguinte; se o motorhome vai lhe deixar na mão ou se vai encontrar um mecânico no meio do nada.


Enfim, é uma vida sem referências entre muitos outros desafios. Mas, concordo com a diretora de "Nomadland", a chinesa Chloé Zhao que disse: "As pessoas, ao nascer, são boas. Ainda acredito nisso. Sempre encontrei bondade nas pessoas que conheci".


Quando digo que vivo viajando na estrada, a primeira coisa que vem na cabeça das pessoas são os luxos do meu estilo de vida: os céus estrelados, as fogueiras no meio do nada. É também conhecer os grandes parques naturais e as majestosas cidades. E, é verdade, vivo tudo isso quase que todo dia, ou, pelo menos, todas as semanas. Sempre há alguma grande aventura pra viver.

Mas, quero aterrissar um pouco. A vida continua. A necessidade de gerar uma economia sustentável a cada dia e vivendo num lugar diferente não é tarefa fácil. A cada dia você tem que conquistar com carisma e boa energia um bairro diferente, uma cultura diferente, um mundo diferente.

Nosso plano é chegar até a Argentina. Voltando ao Brasil, quero ser feliz revendo os cantinhos que fizeram de mim quem eu sou hoje. De lá, partiremos para outro destino. O próximo continente deve ser a África.


Se sempre sonhou em viajar numa van, Kombi, moto, bicicleta ou até em um barco, ou, simplesmente tem curiosidade para saber como outra pessoa viveu essa experiência, bem-vindo, bem-vinda. Tenho muitas histórias vividas sendo uma nômade moderna. Vou contando por aqui.


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