Andei meio perdida nesse final de ano, sem saber para onde bandear. Achei que ficaria quieta em Norwich, botando a ordem e a desordem nos seus devidos compartimentos.
Quando se está em outro mundo, estou na Inglaterra, aquele espaço que é seu no momento, seja um quarto, uma casa, uma cama, torna-se uma fonte de poder gigantesca. É ali que você se (re)encontra, (re)energiza, (re)conhece e recarrega as forças para sair batalhando sobre as ondas das diferenças culturais.
Tenho cá na minha lista de "quereres" para 2020, coisas como:
Foco
Organização
Tranquilidade
Paciência
Melhorias
Aprendizados
Atitude
Autoestima
Coragem
E, mais "autoamor", por favor!
Sublinhando tudo isso vem a velha e boa pressa. Sabe, posso estar aqui, agora, mas daqui a um ano as exigências serão outras. Meu passe é atrelado ao meu business. E, tome metas, objetivos, análises e medidas de sucessos para que eu tenha o: ‘OK, you can stay’ na Inglaterra.
Pressa. Pressão. Pressa. Pressão.
A saudade e o aperto chegaram lado a lado à falta de pertencimento. “Eu não falo essa língua. Eu tenho outras referências. Minha família não está aqui”.
Puxa, sei no meu íntimo, que pertenço a este lugar. Renasci aqui e renasço diariamente para enfrentar as tais batalhas culturais. E, as da vida também, pois vida é vida, lá, cá, acolá. Então, fiquei e tive Natais.
O primeiro Natal foi em casa, com os meus amigos e parceiros de espaço: os housemates. Parece título de sitcom e acontece com dramas, fofocas e umas belas intrigas. E, também, com generosidade, troca, amor e tentativa imensa de compreensão.
Com eles aprendi que crackers não são bolachas na hora da ceia. São na verdade um bombom com um presentinho no recheio. E, que sim, você tem que sair ridículo na foto com a coroa de papel despencando da cabeça, que, aliás, vem junto com os Christmas Crackers.
Daí, passei pelas mãos da família que me acolheu por seis meses em certa fase. Encontrei cuidado. Medicina para meu corpo "reclamão" de dores, um pouco de apaziguamento para as incertezas que atormentam.
Encerrei as atividades natalinas em Londres no ninho de uma das pessoas que é parte intensa desse novo cenário. E, lá fui enveredar pelas suas histórias e tradições contorcendo o corpo em cima da cartela de Twister.
Espaço
Pessoas
Contorção
Viver fora
É quando você percebe que não está sozinha no tempo e no espaço, na cidade que escolheu. E, que tem um monte de razões para (re) descobrir sobre eles no ano que vem: sobre você e seus porquês também.
Se você também está longe da sua família e amigos e montou uma lista de desejos para 2020, conta pra gente. Vai lá no nosso Instagram ou no nosso Facebook!