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A garota de Ipanema que mora na SuƭƧa

Atualizado: 30 de jan. de 2021


MƓnica Marks em Basel, SuƭƧa
Sou uma pessoa do mundo. Hoje, vivo pela segunda vez em Basel na SuƭƧa. ( Foto: Acervo Pessoal)

Sou carioca e filha Ćŗnica. Sou uma pessoa do mundo. Hoje, escrevendo esse texto para o ā€œDo Rio pra cĆ”ā€ me dei mais conta ainda de como vim parar em na SuƭƧa e, pela segunda vez. Me empolguei e escrevi tanto que esse nĆ£o serĆ” o Ćŗnico texto. Vai ter mais.

Tudo começou quando eu tinha 7 anos num passeio a um aeroporto, claro! Não estava lÔ para viajar. E, sim, para ver os enormes aviões decolarem. Ficava imaginando pra aonde aquelas pessoas todas estavam indo e por qual o motivo.

Meus pais nunca tiveram o hÔbito de viajar para fora do Brasil. Minha mãe foi apenas uma vez ao Peru. Eles também não falavam inglês. Não tinham qualquer conexão com nenhum país de língua inglesa. Mas, apesar disso, me matriculara, a meu pedido, numa escola de inglês, o Curso Oxford, quando eu tinha 10 anos.

Eu não era particularmente estudiosa, mas fiz até o nível de treinamento para ser professora. Ironicamente, só consegui viajar para um país de língua inglesa lÔ pelos meus 21 anos. Foi assim que essa vida fora do país começou na minha vida. E, que me acabou me trazendo para cÔ, Suíça.

NO JAPÃO COM O MEU INGLÊS

MÓnica Marks no Japão
Quando era modelo, fui ao Japão inúmeras vezes. Aprendi a entender o povo. (Foto: Acervo Pessoal)

Certa vez, fiz uma viagem de turismo aos Estados Unidos. Logo que cheguei fui fazer um casting (escolha de modelos para uma campanha ou desfile) para uma agência japonesa. Acabei sendo uma das escolhidas para ir a Tóquio. E, lÔ, fui eu. Pensei imediatamente como o meu pedido pra estudar inglês aos 10 anos finalmente começava a trazer seus dividendos.

A habilidade de uma boa comunicação, especialmente, na Ôrea de trabalho jÔ nos coloca na frente de outros companheiros. A experiência de trabalhar e de se comunicar com diversas nacionalidades me abriu a mentalidade. Me tornou uma pessoa mais flexível e tolerante. Tive a oportunidade de ouvir histórias, de conhecer outros hÔbitos e costumes e de lidar com diferentes personalidades. Foi engrandecedor, especialmente naquele momento do mundo antes da globalização.

Como trabalhava bem acabei indo algumas vezes ao Japão ao longo dos 5 anos que viriam. Os japoneses são - impressão pessoal relacionada àquela época- super educados e nada confrontadores. Eles vivem direcionados para comunidade. São milhares de pessoas que residem em uma das Ôreas do mundo com maior densidade urbana. Eles precisam conviver da melhor e mais eficiente maneira possível.

Assim, as regras eram muito respeitadas. No entanto, como em outras sociedades, havia detalhes não tão positivos. A vida sedentÔria e a competitividade, às vezes, os levavam ao suicídio. VÔrias vezes, precisei mudar de linha de metrÓ porque uma pessoa havia se jogado em frente de um trem. A pressão e o preço alto do estilo de vida os levava ao desespero.

Foi nessa Ć©poca quando vivi no JapĆ£o que comecei a entender a diferenƧa entre ser turista e ser residente. Imergir em uma cultura totalmente diferente, dĆ” a oportunidade de olhar para sua própria. No comeƧo, foi um clĆ”ssico comparativo e desdenhoso das minhas origens. Novidades, Ć s vezes, sĆ£o atraentes e hipnóticas, porĆ©m nem sempre reais. Depois de algumas idas e vindas finalmente entendi que ā€˜lĆ” era lÔ’ e que ā€œaqui (Brasil) era aqui’.

Povos são completamente diferentes. Têm suas distintas culturas e hÔbitos influenciados pela sua história singular, diferentes climas e posições geogrÔficas. Decidi inconscientemente que se pode, com certeza, analisar as diferenças, mas não comparar. Todo país tem seus lados positivos e negativos.


MINHA VIDA NA ALEMANHA

Heidelberg, Alemanha
Vivi 2 anos em Heidelberg, uma linda cidade alemã cortada pelo rio Neckar. No alto, o famoso castelo. (Foto: Guiga Soares)

No meio dessas viagens ao Japão, conheci um alemão. Não foi no Japão ou na Alemanha: foi no Rio mesmo, melhor, na minha academia de ginÔstica. Ele falava fluentemente o inglês e o português. Morava com os pais em Ipanema. Começamos a namorar, mas, infelizmente, a universidade dele era em uma linda cidade alemã, universitÔria e bem turística chamada Heidelberg. Acabei tirando um ano sabÔtico da carreira de modelo. Acho jÔ estava, com certeza, contaminada pelo bug da aventura. Decidi morar com ele na Alemanha.

Aproveitei também para cursar a universidade de Administração por lÔ, onde as aulas eram em inglês. Olha aí, mais dividendos do meu curso de inglês. A universidade era particular, assim, decidi pedir uma bolsa de estudos. Consegui um pequeno desconto que era compensado com o meu trabalho na biblioteca: foi outra chance de mais experiências internacionais. Havia estudantes do mundo inteiro em um ambiente com pessoas totalmente diferentes da minha atividade anterior de modelo.

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Estudei Administração na universidade. Foi uma grande experiência com gente do mundo todo. (Foto: Acervo Pessoal)

JĆ” tinha mencionado, anteriormente, que eu nĆ£o era particularmente estudiosa. No entanto, aqui, vai uma curiosidade: as aulas de matemĆ”tica eram muito mais bem compreendidas por mim jĆ” que eram em inglĆŖs! O ā€œpulo do gatoā€ Ć© que eu prestava atenção no inglĆŖs e automaticamente entendia a matĆ©ria. Acho que foi isso mesmo.

Viajei pelo país, conheci muitos castelos e histórias, nem sempre de fadas, mas fascinantes. Tínhamos regularmente contato com toda a família do meu namorado: avós, tios e primos e, é claro, a comunicação, principalmente, era feita em inglês (obrigada, Curso Oxford, de novo) e em alemão também.

Como todo brasileiro, arranho um pouco do espanhol. Então, naquela época eu jÔ estava com 3 idiomas diferentes na minha cabeça: inglês, espanhol e o alemão. Com o meu alemão e meu relacionamento com a família alemã, fui até um dia colher cogumelos com uma das avós do meu namorado no meio de uma floresta às 7 da manhã e no inverno. Peculiar hein!? Mas, nada incomum!

Os alemĆ£es – claro, falo sempre por experiĆŖncia própria- foram sempre muito simpĆ”ticos comigo e muito carinhosos. Eles sĆ£o super dedicados a assuntos ecológicos. JĆ” em 1989/1990, o nĆ­vel de reciclagem de lĆ” era altĆ­ssimo. Tive uma ótima experiĆŖncia no paĆ­s.

Enfim, fiquei na Alemanha por 2 anos. Até, que o meu namorado, que detestava morar no seu país de origem, decidiu viver em definitivo no Brasil. E, graças à minha influência, e pela minha anterior e breve passagem pela faculdade Cândido Mendes, em Ipanema, ele se acabou se formando nessa instituição. Encurtando a história: acabamos terminando o namoro depois de 4 anos juntos.

Os contos da minha não terminaram. Volto em breve. Haja assunto nesse meu longo tempo fora do Brasil.


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